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Luísa Castel-Branco

Nuvens de algodão

Luísa Castel-Branco, 22.09.06

A chuva chegou finalmente. Por pouco tempo, mas foi o suficiente para limpar os ruas da cidade, lamber os edifícios e deixar lágrimas nos vidros das janelas.

 

Que saudades do frio, do aconchego das camisolas de lã, do cacau quente, do crepitar das chamas na lareira.

 

Quando finalmente o Outono chegar, ou se ele não vier uma vez mais, que já nada é o que era e as estações mudaram-se para outras bandas, quando o Outono chegar, ou então o Inverno, e o vento e a chuva e as ruas de Lisboa transformadas em riachos de pedras polidas, vou adormecer ao som da terra molhada, com todos os sentidos concentrados em sentir o frio e nada mais.

 

O Inverno é a época mágica do calendário de cada ano da nossa vida, é quando tudo o que é bom acontece. O Natal, as vidraças embaciadas e eu a fazer desenhos com o dedo húmido , eu a tricotar os presentes, o chão coberto de novelos desalinhados de tantas cores.

 

A chuva chegou e partiu. E eu vou continuar a contar os dias e as noites até ela voltar.

 

E lavar as folhas e banhar os pássaros e brincar com as gaivotas, trocando segredos que só eles partilham.

 

 

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