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Luísa Castel-Branco

Uma vez mais

Luísa Castel-Branco, 29.01.08

"Agora que está tão em moda falar-se do tabaco não posso deixar de, publicamente, expressar o quanto me dá gozo ver aquelas figuras a quem chamam públicas (só porque as TV's, os jornais e as revistas nos enfiam diariamente com elas pelos olhos adentro) a fazerem figuras tristes ao pôr a nu a sua fraqueza e a terem de, publicamente, mostrar ao mundo a sua dependência doentia da porcaria que inspiram e que querem que os outros também o façam. Bem, com a corja que nos governa não tarda que os casinos e as discotecas mudem de nome e passem a chamar-se salas de fumar...."

O Destak publicou, no dia 22 de Janeiro, uma carta de um leitor devidamente identificado, de qual reproduzo um excerto. Há algumas semanas, ouvi na televisão um sociólogo explicar que o tabaco, que começou por ser um acto de rebeldia, era hoje conectado com uma certa elite social, dando como exemplo as campanhas publicitárias da Marlboro.

Sinceramente, fiquei surpreendida. Porque se apenas uma elite fumasse, a tabaqueira já tinha ido à falência. Mas talvez o desejo de ser igual ao homem da Marlboro estivesse por detrás de todos os homens que fumam e eu o desconhecesse.

Quando li esta carta do leitor do Destak, fiquei muito mais do que surpreendida. Fiquei atónita e perplexa com o ódio que as palavras transmitem. É triste ver a que ponto a mediocridade e a inveja grassam neste país. A lei do tabaco veio trazer ao de cima o que de pior existe dentro de muitos portugueses.

A questão já não passa por saber se se concorda ou não com a lei, a verdadeira questão é a legitimidade com que alguém escreve uma carta deste teor e pede a sua publicação. Afinal os brandos costumes existem. São proporcionais à mesquinhez.

A ameaça do terror

Luísa Castel-Branco, 25.01.08
O Presidente da República, Cavaco Silva, disse hoje que, de acordo com as informações de que dispõe, as últimas informações de ameaças terroristas devem ser «levadas a sério» mas que não há «razões para alarme»". Fonte: Lusa, 21.01.08

Sinceramente, creio que para uma grande maioria dos portugueses, a ideia de um ataque terrorista vem muito depois das preocupações com a segurança no dia-a-dia, principalmente no que respeita aos seus filhos. Mas, demos graças a Deus por isso, mais pela inflação e as prestações a subirem. Porque senão, entramos todos em estado de choque. Para qualquer um de nós que já teve que recorrer às Urgências de um dos hospitais públicos, o panorama é mais do que deprimente, ou assustador: as macas nos corredores, a angústia dos que esperam o atendimento horas a fio.

Ora, se vamos imaginar por segundos, apenas segundos chegam, que efectivamente acontecia um atentado terrorista, quem é que em Portugal, dos hospitais, ao INEM, passando por qualquer um de nós, fazem a todos nós, meros cidadãos, fazia a mínima ideia das regras de segurança a aplicar?

Em muitos países europeus, e claro, nos EUA, ensinam-se desde pequeninos formas de actuar em situações similares. O sair ordeiramente na sala de aula, quais as saídas indicadas, etc. O mesmo se aplica para qualquer local de trabalho ou transporte público. E se queremos aferir da boa educação dos costumes dos portugueses, basta andar pela estradas, ou por qualquer rua, de qualquer cidade, para percebermos o quanto umas aulas de civismo seriam uma das penalizações a juntar às multas. Mas tenhamos confiança de que nada de mal nos vai acontecer. Afinal, quem se lembra deste rectângulo à beira mar plantado?

in Destak 22.01.08

A ameaça do terror

Luísa Castel-Branco, 22.01.08

"O Presidente da República, Cavaco Silva, disse hoje que, de acordo com as informações de que dispõe, as últimas informações de ameaças terroristas devem ser «levadas a sério» mas que não há «razões para alarme»". Fonte: Lusa, 21.01.08

Sinceramente, creio que para uma grande maioria dos portugueses, a ideia de um ataque terrorista vem muito depois das preocupações com a segurança no dia-a-dia, principalmente no que respeita aos seus filhos. Mas, demos graças a Deus por isso, mais pela inflação e as prestações a subirem. Porque senão, entramos todos em estado de choque. Para qualquer um de nós que já teve que recorrer às Urgências de um dos hospitais públicos, o panorama é mais do que deprimente, ou assustador: as macas nos corredores, a angústia dos que esperam o atendimento horas a fio.

Ora, se vamos imaginar por segundos, apenas segundos chegam, que efectivamente acontecia um atentado terrorista, quem é que em Portugal, dos hospitais, ao INEM, passando por qualquer um de nós, meros cidadãos, faz a mínima ideia das regras de segurança a aplicar?

Em muitos países europeus, e claro, nos EUA, ensinam-se desde pequeninos formas de actuar em situações similares. O sair ordeiramente na sala de aula, quais as saídas indicadas, etc. O mesmo se aplica para qualquer local de trabalho ou transporte público. E se queremos aferir da boa educação dos costumes dos portugueses, basta andar pela estradas, ou por qualquer rua, de qualquer cidade, para percebermos o quanto umas aulas de civismo seriam uma das penalizações a juntar às multas. Mas tenhamos confiança de que nada de mal nos vai acontecer. Afinal, quem se lembra deste rectângulo à beira mar plantado?

in Destak 22.01.08

A Bordo do Alfa

Luísa Castel-Branco, 16.01.08
Todas as semanas viajo de Lisboa para o Porto e vice-versa no comboio Alfa.
E embora a maioria dos passageiros sejam homens, também encontro mulheres.
Mas algo temos todos em comum: Quase 80% faz o percurso a trabalhar no seu computador portátil.
Para mim, que me recordo muito bem da minha primeira maquina de escrever, e mais tarde da excitação quando trabalhei na primeira máquina eléctrica que tinha um visor onde aparecia o texto e podíamos corrigir os erros antes de dar voltar a carregar no teclado e a máquina imprimir, batendo na fitinha azul e vermelha, faz-me pensar o quanto o mundo mudou e eu estive aqui a assistir!
Os telemóveis tocam, os olhares levantam-se do computador.
Na passagem pelo corredor, vêem-se as páginas em que cada um está a trabalhar, e entre folhas Excel e contratos jurídicos, talvez mais alguém além de mim responda aos emails e escreva um texto, como o faço neste momento, para um blogue.
E ai estamos nós a continuar num mundo que há poucos anos era ficção científica: ligo o modem e posso navegar e trabalhar como se estivesse em casa!
Existem muitas novidades, descobertas, chamem-lhe o que quiserem, que eu conheci já adulta e que modificaram o meu mundo e o de todos nós, na verdade.
É efectivamente, um “Admirável Mundo Novo”

BREVES

Luísa Castel-Branco, 11.01.08
Os primeiros dados disponíveis apontam para nova diminuição dos nascimentos em 2007. Pelo segundo ano consecutivo, o número de "testes do pezinho" cai de forma significativa: em 2006 foram analisadas 105.125 amostras de sangue de recém-nascidos; no ano que agora terminou não passaram de 102.095. De um ano para o outro, houve menos 3030.
in Publico 10.01.08
Enquanto andamos a discutir a construção do novo aeroporto, cujo custo total é de tal forma grande que não nos é possivel sequer imaginá-lo, quanto mais perceber, há noticias que passam despercebidas e que têm uma importância muito maior.
Veja-se esta, que dá conta de que o ano passado nasceram menos 3030 crianças em Portugal.
As consequências são óbvias. Quanto mais o pais envelhecer, menos futuro temos, menos capacidade de mudar.
As razões são igualmente óbvias.
Com a precaridade do emprego, o regime dos recibos verdes, o preço inconportavel de todos os bens, mais medicamentos, mais creches, etc, torna um mero sonho o ser Pai e Mãe nos dias que correm.
A pergunta que coloco, é se em vez de falarmos do novo aeroporto e do TGV, não seria muito mais urgente falar do apoio real à materidade, o aumento real das creches, a comparticipação do estado nas despesas que acarreta mais um elemento numa familia.
Daqui a muito pouco tempo, a Segurança Social deixará pura e simplestmente de existir porque no futuro, não haverá quem faça descontos.
Mas, o pior de tudo, é que um pais sem crianças, sem jovens, é um pais morto por antecipação

Orá bolas!

Luísa Castel-Branco, 10.01.08

Enquanto esperava pela consulta, peguei numa revista feminina e aprendi em menos de quinze minutos, matéria suficiente para degerir durante um mês!

"10 Razões para não casar"; "Como perder peso a comer mousse de chocolate ao pequeno-almoço"; "O que está na moda e onde comprar barato"(isto se eu tivesse o corpo da minha filha!); "Escapadelas em Portugal para uma paz interior"(lindas fotografias e os preços, também lindos!)"; o que os astros me oferecem para 2008; a história de uma "acompanhate de luxo" em Portugal ( no minimo ganha 25 mil euros por dia); como sobreviver a um chefe mesquinho, enfim, vou a meio da lista e já estou cansada!

 

Sinceramente, quem são as mulheres que se reveem nas ditas revistas femininas?

Eu sei, até por experiencia propria que é dificil encontrar temas novos, que as histórias infelizes não vendem, que todas lutamos contra o tempo, de uma forma ou de outra ( também lá vinha uma boa lista de plasticas para todos os preços), mas a para quando uma revista com mulheres reais? Com rugas, gorduras onde não queriamos que estivessem, e por favor, roupa que consigamos vestir!

 

Enfim, estou para aqui a desabafar convosco, não que o tema seja fundamental ou que dele dependa o nosso futuro, mas que já era tempo de haver espaço para nós, lá isso era!

Tira-me daqui

Luísa Castel-Branco, 08.01.08

Não importa para onde, mas tira-me daqui. Finge que sabes para onde me levas. Mas tira-me daqui. Finge que queres levar-me, mas tira-me daqui. É só até descermos as escadas. É só até à esquina da rua. Depois podes partir, ir à tua vida não interessa, não tem importância. Mas, por favor, tira-me daqui. Não oiças as perguntas, não queiras saber dos olhares. Só quero mesmo sair a porta e fugir. Tira-me daqui para que eu possa respirar, não vês que morro sufocada? Não vês que minguo na tua frente?

Eu sei que tens pena de mim. Por isso, tira-me daqui. Deixa-me chegar à rua e desatar a correr como uma louca, sem destino, sem futuro. Preciso de sentir o vento na cara, a noite fria a lamber-me o corpo e só isso. Não te preocupes comigo. Podes ir. Eu não sei para onde vou e o que é que isso interessa? Também não sei porque estou aqui. Vou direita ao rio, Talvez vá direita ao rio, lá em baixo no cais onde termina o casario, e me sente com o casaco a lamber o chão e as lágrimas a lamberem-me o rosto, e o Tejo a lamber as pedras.

Tira-me daqui, por favor. Não me deixes morrer assim, rodeada de gente que me ama mas não sabe quem sou, rodeada de amor cego que esqueceu tudo o que fiz, rodeada por uma enorme memória dos tempos em que eu existia. Tira-me daqui que mais nada me interessa e não te vou pedir mais nada, prometo. Quando te voltar a ver, se um dia me cruzar contigo, fingirei que não nos conhecemos poupando-te o desagrado de me olhares. Também não me reconhecerás. Não sei como serei então. Não sei como é o rosto de quem é livre.

in Destak 8.01.08