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Luísa Castel-Branco

Boas férias!

Luísa Castel-Branco, 30.07.08
 
 

«Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram. À hora exacta em que o teu corpo deixava, finalmente, o corpo da tua mãe, os galos desataram a cantar como se o Sol já tivesse nascido. Eram três horas da madrugada. Os animais do curral foram tomados por uma estranha inquietação e de um momento para o outro um barulho ensurdecedor tomou conta de tudo. O pessoal da terra saiu à estrada, todos sabiam que a tua mãe estava a parir, mas ninguém associou as duas coisas, não senhora. O que pensaram (...) era que vinha aí um tremor de terra, que a seguir aos animais seria a vez da besta que vive dentro da terra começar a rosnar. Mas não. As pessoas esperaram em vão e depois cada uma voltou para a sua cama. Eu, nos entretantos, cuidava da tua mãe com a ajuda da Ti Clotilde. Eras o sexto filho e a tua mãe estava já habituada às dores, aos sangues e ao resto. Amarrei o cordão umbilical, enrolei-o em serapilheira e enterrei-o, mais tarde, no fosso ao cimo do monte. Dizia eu que a tua mãe estava já habituada, o que não quer dizer que as dores fossem menores, e no meio daquilo tudo deve ter sido a única pessoa do lugar que não deu pela loucura dos animais quando a tua cabeça saiu dela. Puxei-te para fora das entranhas da tua mãe e a primeira coisa que vi foi uma juba cor de fogo. Confesso que me assustei. Não por ver um nascido com tanto cabelo, mas a cor era tão forte que parecia iluminar o quarto. Limpei-te e, pegando-te pelas pernas, mostrei-te à Joaquina, que olhou o teu corpo, a juba cor de laranja e disse apenas: - Mais uma cachopa para alimentar! Em cinco filhos, a tua mãe só tinha um rapaz e agora chegavas tu, mais uma fêmea. Depois, ainda a arfar, disse-me: - Ó Ti Maria da Graça, mostre-me ai o que é que ela tem na cabeça.»

in Alma e os Mistérios da Vida, Oficina do Livro, 4.ª edição

in Destak 29 | 07 | 2008 

Porquê aceitar o que não nos satisfaz?

Luísa Castel-Branco, 30.07.08
Paula Martins disse sobre Sessões de Autografos - Venham conversar! na Terça-feira, 29 de Julho de 2008 às 11:54:


     

 

Olá Luísa,
Por vezes venho dar uma espreitadela ao seu blog, admiro-a pela força que tem e pelo ser humano fantástico que me parece ser, hoje também eu tive necessidade de desabafar, de falar de dizer parvoíces sei lá qualquer coisa que me tirasse este aperto no peito. Não sou lamechas (ou até sou, mas gosto de me fazer de forte).
Vou lhe contar algo sobre mim, os últimos comentários que vi no seu blog eram acerca de uma senhora que passa por dificuldades, acho que nós mães divorciadas que suamos sangue para dar o melhor aos nossos filhos sabemos do que falamos, eu também sou divorciada, tenho dois filhos, trabalho durante de segunda a sexta, estudo á noite e ao sábado faço limpezas para poder pagar a minha casa, claro que tudo isto parece a canção de mais uma pessoa que se quer fazer passar por vitima ou heroína , mas não é esse o caso, só quero deixar um comentário á Sra. que aqui escreveu, Sofia acho eu, não desista dos seus sonhos lute sempre um dia consegue, eu tenho 39 anos, um filho de 15 e uma filha de 20, lutei tanto pela minha vida, e continuo a lutar hoje sinto-me mais realizada e acredite ainda hei-de conseguir mais algumas coisas boas na minha vida.
Agora vou eu desabafar, fui casada durante 14 anos, por vários motivos divorciei-me agora estou numa relação que me desgasta, que ele me humilha, e eu não desisto de acabar com este martírio , não dependo dele, mas as coisas nem sempre acontecem no tempo que queremos, mas isto tudo para dizer que nunca devemos de desistir, e já agora Luísa pode-me dar o endereço dos sites de artesanato?
Um grande Beijinho
E por favor façam um grande favor a vocês todas.

 

Paula,

Ao ler o seu comentário senti como a realidade é muitas vezes mais pesada do que todos imaginamos e contudo, você consegue dar a volta à vida e andar para a frente...ou quase.

Porque não compreendo como uma mulher que é capaz de ser o ser humano que aqui descreve depois se contenta com uma relação que não quer, que não a satisfaz. Medo de ficar só? Haverá algo pior que a solidão acompanhada?

Tem razão, as coisas raramente aparecem na vida no momento certo mas dê a sua a si mesmo o direito à felicidade, a pequenos momentos de felicidade ou pelo menos a hipótese de respirar, de ser você mesma para além de tanta luta!

Um abraço e volte para nos contar novidades.

Ódio online

Luísa Castel-Branco, 24.07.08
 
 

O ódio, os insultos, as infâmias que encontramos no Destak online sobre o meu último texto foram para mim uma surpresa total. Não me passava pela cabeça que existisse tanta raiva, tanta maldade sobre seres humanos, que nascem com uma cor diferente da nossa, ou uma crença, ou orientação.

Se, por um lado, como diz o povo "casa em que não há pão todos ralham e ninguém tem razão", e perante a crise tão profunda que o País atravessa alguns se revoltem contra apoios dados a certas etnias, enquanto tanta gente não consegue fazer face às despesas mínimas, por outro lado, como se justificam os insultos, a pura maldade ao atacar alguém de outra cor, ao deturpar a história ao ponto de afirmar que a raça negra é toda igual, não trabalha e é a causa de conflitos onde quer que esteja, em qualquer país?

Defender a expulsão pura e simples de todos os emigrantes, nós que fomos e somos um país de emigrantes? Atacar a orientação sexual diferente da nossa, e uma vez mais considerando que quem escreve os comentários é detentor da verdade, da rectidão?

Afinal o que é que se passa? Porque é tão difícil encontrar uma palavra agradável, simpática ou elogiosa, uma notícia realçando algo de positivo, não grandioso mas positivo? Quantas pessoas por este país fora não lutam com dignidade pelo seu futuro, e ainda conseguem ser solidárias e de coração limpo? Que aconteceu a Portugal?

Fez-se uma Revolução para que o povo tivesse liberdade, os mesmos direitos a todos e a cada dia é maior o fosso entre os ricos e os pobres e a classe média desaparece? As imagens que nos chegam das sociedades em permanente violência e confronto são o resultado do caminho que o nosso país leva.

É com enorme tristeza que escrevo estas palavras. O que será do futuro dos meus filhos e da minha neta?

 

 In Destak 22 | 07 | 2008  

Palavras sobre a ALMA

Luísa Castel-Branco, 18.07.08
Sofia disse sobre Sessões de Autografos - Venham conversar! na Quinta-feira, 17 de Julho de 2008 às 16:24:


    

 

Boa tarde Luísa, como "prometido" hoje estive consigo no Amoreiras, sou a Sofia que levou o livro para oferecer a´amiga que nao pode estar lá hoje. Na altura nao lhe dei mais sobre a minha opiniao do livro principalmente por timidez, por ser a 1a vez que estava diante de si, uma pessoa que admiro, pelo que conheço pela sua escrita. Mas mais uma vez lhe dou os parabens, ao longo do livro vi-me envolvida com a historia,a sentir revolta perante algumas atitudes de algumas personagens, a "viver" a historia! e isso na minha opiniao, esse pequeno passo que as vezes conseguimos fazer ao ler um livro, para mim é o essencial entre ser um bom livro ou nao, um livro que nos transmita algo. E com o seu livro aconteceu-me isso. Espero que em breve sejamos todos "presenteados" com uma nova historia da sua autoria. E sem qualquer má interpretaçao, mas penso que a Luísa irá compreender o que digo, a Luísa é uma pessoa com brilho. Vi-o logo no seu olhar e na forma como escreve tambem se ve isso. Nunca desista desse seu "brilho", dessa alma. Assim que puder compro o seu livro para mim e estarei atenta a novas sessoes de autografos para lhe pedir que o assine se possivel. Obrigada.
Um Abraço =)
Sofia P.

 

Sofia,

Muito obrigada pelas suas palavras e por favor da proxima vez que me vir, não pense duas vezes, fale comigo porque nada me dá mais prazer do que conversar, mesmo com quem não leu o meu livro ou não gostou.

Um grande beijo para si esprero que a sua amiga goste da minha Alma!

Luísa

O mundo está louco!

Luísa Castel-Branco, 15.07.08

As imagens surgiram no ecrã. Homens com armas, gente a correr.

Com certeza aquilo passava-se nos Estados Unidos, terra violenta, não havia duvidas. Ou em qualquer outro país que não conhecia a paz como nós.

Foi só quando levantou o som, e ouviu o relato dos acontecimentos que percebeu que aquilo era em Portugal, mais propriamente em... Loures? Mas então, era ali bem perto da sua casa! Impossível, isto não acontecia em Portugal.

Ao jantar, sentou-se agarrada às notícias para saber mais. Não que percebesse muito bem o que aqueles senhores diziam mas as imagens encheram-na de tal medo que nessa noite, as suas janelas ficaram todas trancadas.

No outro dia seguiu a história. E foi com espanto que ouviu a notícia que dois jovens de 22 anos tinham sido mandados para casa e, sobre os outros, nada.

Mas agora podia comprar-se armas? Andar a disparar pelas ruas? E ninguém vai preso?

Ela não percebia nada. Aliás, cada dia se sentia mais velha, mais desorientada e assustada.

O mundo não o reconhecia, e o seu mundo reduzia-se a duas ruas, uma ida ao super, outra à farmácia, conversas com algumas vizinhas e pouco mais.

Doíam-lhe as pernas e era cada vez mais difícil descer as escadas. Estava só, os seus 76 anos eram unicamente povoados por lembranças e uma tristeza pequenina, tão pequenina como a sua reforma que não lhe permitia comprar todos os medicamentos.

 

 
 in Destak 15 | 07 | 2008  

mas que livro...

Luísa Castel-Branco, 15.07.08
 
 
 
Cara Luísa,
 
estou a meio das férias e estava curiosa por voltar à net e visitar os seus blogs.
Fiquei sensibilizada com a "história" da senhora que ainda está com o marido mas ele já não a ama...
Vejo que publicou o meu comentário e é interessante que neste mundo virtual se descubra pessoas que partilham os
mesmos sentimentos, sejam de tristeza ou de alegria.
 
Mas o que me levou a escrever-lhe foi o seu livro!
Em quatro ou cinco dias, em todos os bocadinhos que tinha, entre fraldas, praia, comida e dormir, "devorei" aquelas páginas...
O principio da história que me faz lembrar as histórias que a minha mãe conta da sua juventude,
e aquela mulher incrível com uma força, que nos faz a nós mulheres, ter vontade de lutar por nós mesmas, por aquilo que acreditamos!
 
Adorei do principio ao fim, parece que entrei lá dentro e observei tudo aquilo no lugar da frente. Apenas no fim a curiosidade,
do que fez Ricardo, como cresceu Pedro...
 
Um grande abraço e parabéns, muitos parabéns por uma história linda, que me fez sorrir!
 
Beijinhos,
Cristina

Sessões de Autografos - Venham conversar!

Luísa Castel-Branco, 14.07.08

Sofia disse sobre Eu e a minha "ALMA" na Sexta-feira, 11 de Julho de 2008 às 21:18:

 

Boa noite Luisa, sou a rapariga que lhe tinha questionado sobre nova sessao de autografos porque sabia que uma amiga minha (bem como eu) gostariamos de ter o seu autografo no seu livro, so agora consegui ver o seu aviso relativamente aos autografos..portanto ja nao fui a tempo..=( Nao havera nova sessao de autografos?
Um abraço =)

 

Sofia,

É com muito prazer que estarei consigo e com a sua amiga se vos for possivel aparecer nas proximas sessões de autografos:

Hoje, pelas 21h30 na Fnac Almada e Quinta, dia 17, na Bertrand das Amoreiras às 13h00.

Muito obrigada pela vossa simpatia.

 

Obrigada a todos

Luísa Castel-Branco, 11.07.08
Fernanda disse sobre Pai, que saudades! na Sexta-feira, 11 de Julho de 2008 às 10:37:

     

 

Querida Luía,
Como o prometido é devido, cá estou para lhe dizer que adorei o seu livro, que não o li, devorei-o, e, que vi nele retratada fielmente - chamando as coisas pelos nomes - a vida e a sociedade das pequenas vilas e aldeias da província há alguns anos atrás.
A sua descrição é de tal forma, que por vezes me levou a entrar história e a ser parte dela.
Só lhe posso dizer que foi das melhores obras que li ultimamente.
Adorei!
Obrigada por escrever assim.
Deixo-lhe um beijo e até sempre.

 

Fernanda,

Muito obrigada pelas suas palavras. Decidi publicar o seu comentário para através de si agradecer a todos os que se têm dado ao trabalho de me deixar aqui a opinião sobre a "Alma".

É bom saber que as pessoas se sentem ligadas à história, a essa parte tão grande de mim mesma que eu coloquei neste primeiro romance.

Um grande abraço,

 

Luísa

Um desafio aos leitores

Luísa Castel-Branco, 09.07.08

Meus Amigos,

Encontrei os meus dois blogs cheios de comentários, e a minha vontade foi publicar um a um e responder.

Mas dizem as pessoas que percebem deste mundo virtual que tal não é necessário, que contrariamente a mim as pessoas sabem ver onde estão os comentários enviados e publicados.

Tenho recebido histórias de vida que me levam a parar para meditar.

Preciso de tempo e desafio-vos a lerem os textos nos dois blogs.

São pedaços de vidas que doem, que nos obrigam a olhar para o espelho, que nos encostam à realidade, a nossa e a dos outros.

Vou tentar responder a todos.

Mas fica aqui o meu desafio para quem me visita neste meu/vosso cantinho: ajudem quem precisa!

Cada palavra que aqui deixarem vai seguramente ser uma enorme ajuda.

È bom sabermos que não estamos sós, na tristeza como nas alegrias.

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