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Luísa Castel-Branco

6 de Setembro 2012

Luísa Castel-Branco, 06.09.12

É sempre nos momentos mais difíceis que damos por nós a recordar o passado, principalmente os erros que cometemos, tudo o que faríamos de diferente.

Muitas vezes ouvi dizer "se soubesse o que sei hoje quando era nova..." . Mas na verdade o que teríamos feito se pudéssemos vislumbrar o futuro, o futuro dos  nossos erros?

Muitas das coisas más que nos aconteceram tiveram algo de positivo. Que seriamos nós sem essa aprendizagem,  sem termos escorregado e caído, e levantado de novo?

O pior é que com o passar das estações vamos perdendo as forças. A força da indignação, do sorriso, da lagrima sem vergonha mas principalmente a capacidade de sonhar.

E a vida sem sonhos não vale nada.

Talvez por isso mesmo olhamos para os jovens e reconhecemo-nos. Nesse abraçar do mundo em que tudo é possível.

Um dia alguem muito inteligente disse-me: O dificil não é viver. É saber viver."

E acredito piamente que ai está a enorme diferença entre os seres humanos.

Conheço pessoas capazes de serem felizes por ninharias. Pessoas que olham as dificuldades e dizerem "amanhã será melhor" com um sorriso genuíno no rosto.

Não falo dos pobres de espirito. Não, falo de gente que saboreia a vida como se cada dia fosse o ultimo.

Ai esta algo que eu gostava de aprender.

Isso e a capacidade de esquecer o que me magoou e os erros que fiz.

Enfim, nunca é tarde para acreditar que vai ser possível.

Os Mistérios da Escrita

Luísa Castel-Branco, 05.09.12

As férias significam um corte com a rotina, mesmo quando os problemas não ficam para trás, muitas vezes tal é impossível, pelo menos o virar da rotina dos dias dá-nos uma sensação de que algo está diferente.

 Eu não tive um único dia de féria e contudo não estive cá, aqui, na minha casa.

É essa a sensação que se tem quando estamos a escrever um livro. A realidade embora não nos saia do subconsciente, é arredada para trás porque vivemos e dormimos com as personagens. Escrever é um acto solitário. É algo difícil de explicar aos outros. É algo difícil de nós mesmos entendermos. Podemos tentar estabelecer uma rotina. Horas certas para nos sentarmos em frente ao computador e depois…nada acontece.

As pessoas que vivem no romance, que para mim são tão reais como aquelas que encontro na rua, tendem a aparecer nos momentos menos apropriados.

E muitas vezes me levanto de manhã convencida que já escrevi uma boa parte da história e contudo, só existe na minha cabeça, na longa noite que passei nessa outra realidade.

São meses e meses de trabalho. E quando parece ter acabado não acabou. Do nada surge mais um pedaço daquelas vidas e lá vou eu para o computador, eu fiel depositária dos seus sentimentos.

Quando finalmente escrevo a palavra : FIM, dá-me um nó no estomago e normalmente choro, como quem se despede de entes queridos que partem para sempre.

É um privilegio poder escrever. Poder estar assim,  viva mas numa outra realidade,  num outro país, num mundo que é só meu.

Mas no final tenho que voltar “á terra”. E estou tão cansada, tão cansada...

in Destak 3.09.12