2012. E o que fizemos de 2011?
Chegamos aqui, a dia 31 de Dezembro e somos levados a olhar para os dias que perfizeram este ano, a fazer uma avaliação do que conseguimos alcançar e em que é que falhámos.
E logo de seguida fazemos mentalmente a lista dos projectos, sonhos ou seja lá o que for que queremos atingir no ano que começa amanhã.
Não sei quantos dos que me lêem conseguem olhar para trás e sorrir. Eu maltrato-me a mim mesma pensado em tudo o que falhei, o que não concretizei, enfim, sonhos deixados cair na calçada.
Dia 29 o meu marido saiu de casa de manhãzinha e voltou com 8 rosas.
Eu tinha-me esquecido.
Fizera no dia anterior, no dia 28 de Dezembro, exactamente 8 anos que em tive o AVC.
Desde ai, pelo menos durante os primeiros anos, eu costumava celebrar esse dia como se fosse o meu aniversário.
Nada como estar perto da morte para valorizar a vida.
Mas com o tempo, esqueci-me.
E perante aquelas 8 rosas, quando já estava sozinha, chorei copiosamente.
A vida, Deus, o que quiserem chamar, deu-me uma segunda oportunidade.
O que tenho feito com ela?
E quando parei de chorar e ter pena de mim, e raiva de mim, pensei que foi durante estes 8 anos que consegui escrever os meus livros, consegui habituar-me a viver com as sequelas do AVC, com as memórias perdidas, enfim, com uma nova realidade que me transformou num novo ser humano.
Esta exigencia comigo mesma é terrivel e errada.
E peço a todos que sejam benevolentes convosco, sem que isso signifique esquecer os erros e tentar mudar.
Á minha volta tenho tanta gente que está mal. Tantas relações que estão em perigo, porque em momentos como este a realidade faz esquecer o amor que um dia nos juntou, e tudo o que tivemos de bom.
Não há bela sem senão, como diz o povo.
Enfrentar 2012 exige coragem, mas também Fé em nós e nos outros e uma enorme capacidade para engolirmos as nossas exigências em relação a nós mesmos e aos outros.
A todos um voto de um 2012 pleno de saude.
E aqui vos espero.