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Luísa Castel-Branco

Domingo à tarde

Luísa Castel-Branco, 09.09.07
Acabo de ler os vossos comentários, e  de imediato me refugio neste cantinho seguro e doce que arranjei para mim, onde encontro paz e me afasto dos problemas para ficarmos apenas eu deste lado e todos vocês que surpreendentemente encontram tempo e paciência para aqui deixarei também as vossas palavras.
Veio-me à cabeça um presente que recebi há muitos anos, no meio de mais uma crise existencial, por mão amiga, o livro “Amor e Encantamento” de Alberoni .
Lá dentro, num pedaço de papel, vinham estas palavras: “É bom sabermos que não somos um bicho diferente dos outros”.
Apenas isto e nunca mais me esqueci. Li o livro e percebi que estava a embalar-me a mim mesma na necessidade de me rever nos olhos do outro, e que nada daquilo tinha a ver com amor ou paixão.
É realmente importante sentirmos que pertencemos a um grupo, ainda que de gente que desconhecemos, e que partilhamos os medos, as inseguranças e esta espécie de expectativa que nos mantém vivos, mas ao mesmo tempo nos desgasta profundamente.
Não imaginam como para mim é estranho, fascinante e já não assustador este mundo virtual.
Quando eu era jovem, tínhamos os nossos pen friends ”. Era uma excitação escrever a alguém que vivia num outro pais e trocar palavras e realidades.
Mas mesmo ai, ou antes já ai, eu era demasiadamente estranha para que este tipo de intercâmbio me mantivesse interessada por muito tempo.
Ai está mais um dos meus defeitos. Perco o interesse por tudo, começo vários projectos ao mesmo tempo e assim que consigo concretizá-los deixo de ter vontade de prosseguir.
É como se cada dia devesse apresentar um desafio novo!
Pensei que com a idade passasse mas não. Continuo ávida de descobertas e ao mesmo tempo apática e sem vontade de me mexer.
Mas voltando ao mundo virtual, a este ritual de ligar o computador e ler o que me escreveram e responder de volta, não sei como vos poderei agradecer por estes momentos de paz.
O mundo parece que está a ruir à minha volta, e sei que sou cobarde, que são as fases normais da vida, mas hoje em dia, apenas aqui convosco consigo ser eu, sem ter de representar ou fingir as forças que não tenho mas que os que amo necessitam .
A todos os meus novos amigos, um grande abraço. Infelizmente para mim, as vossas palavras não correspondem à pessoa que sou. Mas, o dedicarem-me uns minutos das vossas vidas, é o melhor carinho que posso imaginar, a seguir aos beijos e abraços da minha neta, claro! (gostava de saber inserir aqui um daqueles bonecos a sorrirem, mas não sei. Fica a intenção.)
 

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