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Luísa Castel-Branco

Que Igreja é esta?

Luísa Castel-Branco, 31.03.10

A vulnerabilidade das crianças toca qualquer ser humano. Quando vimos as imagens de guerras, fome ou cataclismos naturais basta o rosto de uma só criança para termos a noção da tragédia. Quando falamos do abuso de criança, a nossa ira sobe e tom. E quando esse abuso é perpetuado por membros da Igreja, seja ela qual for, então o choque é muito maior.

O que se passa neste momento com a Igreja Católica deixa-nos sem palavras, e que é mais perturbante, estes relatos que todos os dias aparecem vindos de todas as partes do mundo ou a atitude da própria Igreja?

Ouvi D. Januário numa entrevistas à televisão chamar pela primeira vez à responsabilidade os bispos e restantes membros da instituição que ocultaram durante anos estas situações abomináveis. Mas o resto do clero, mesmo aqui em Portugal pensa de forma diferente. Para todos os católicos este é um momento de uma infinita tristeza, e também de orfandade.

Podemos discordar de várias posições que a Igreja tem tomado. Podemos mesmos sentir que esta Igreja se afasta cada vez mais da realidade dos nossos tempos.

Mas encontrar justificação para o encobrimento de crimes que deviam ser severamente punidos, permitindo mesmo que os criminosos continuassem a abusar de menores durante décadas é total e absolutamente impossível. Existem seres humanos bons e maus em todos os lados. É exactamente para não permitir, ou assim deveria ser, o abuso dos mais fracos que a lei existe.

A partir do momento em que um padre abusa de uma criança a sua punição não pode ser da responsabilidade da Igreja mas sim da justiça igual para todos.

Num momento de tão grande crise económica, ética e social, era de esperar que a Igreja de Roma desse um exemplo firme e claro sobre o que é certo e o que é errado, sobre causa e consequência. Infelizmente, também na fé continuamos sós e desiludidos.

In Destak 29.03.10