Olá Luísa boa noite.. gosto do seu blog e de facto insurjo-me contra os que atacam pessoas gratuita e cobardemente quem emite opiniões. eu também vou escrever sob anonimato porque quero falar de uma fase emocional que quero partilhar, neste espaço. A propósito de traições... estas surgem quando menos se espera e podem tomar proporções não previstas. apenas o fiz uma vez ao fim de 23 anos de casamento. Um casamento que não é complemento em muitas vertentes importantes, incluindo a sexual. Numa festa de fim de ano, começou uma troca de e-mails, passados 3 meses encontrámo-nos.ele vive no estrangeiro. foi de tal ordem q ficou uma relação séria mas impossível para mim. Não consigo conceber largar filho e marido casa e partir para o desconhecido. quebrar a minha pequena rede social, familiar e tudo o q envolve. ele programa e eu refreio, mas é mto difícil acabar depois de descobrir sensações e sentimentos adormecidos. estou entalada e a dar em doida, sem falar com ninguém. alguém que fale comigo sem julgamentos básicos seria muito bom. um abraço
Minha Cara,
Não há nada a julgar. Quanto mais a vida avança mais nos apercebemos que nada é a preto e branco, e que a verdade é diferente para cada pessoa.
A verdade da sua relação é o que conta para si.
E 23 anos em comum é muito tempo, por isso mesmo compreendo que esteja confusa e amargurada com o que vive em termos de sentimos, da necessidade de decidir entre a sua família e aquilo que considera amor.
Quem sou eu para a aconselhar? Mas percebo que deixar o seu filho seja sem duvida o maior dos entraves a uma nova vida.
Nos dias de hoje, em que cada dois casamentos termina em divorcio ao fim de um ano, a sua realidade é totalmente diferente.
E também a sua consciência do que vai deixar para trás.
Mas, se me permite, o que a espera do outro lado?
Porque a paixão que sente, por definição adultera os sentidos e transforma-nos ao ponto de apenas sentirmos a dor da falta do outro, a urgência do outro e nada mais.
Mas a seguir à paixão, ou vem o amor, ou o deserto.
E o amor precisa de estabilidade, de alicerces.
Ninguém pode ser feliz sem ter pelo menos assegurada a base do seu dia a dia.
O que a espera, pergunto-lhe?
Pare um pouco para pensar friamente. Tente afastar de si a culpa que a consome e ao mesmo tempo a incapacidade que vai aumentar de dia para dia em aceitar a sua vida como é hoje.
Veja com clareza e frieza o que lhe propõem essa pessoa. Se existe solidez nessa proposta para além do amor/paixão.
Se a sua identidade como mulher pode existir nesse novo local, porque não quererá de certeza ficar presa dentro de quatro paredes e dependente financeira e emocionalmente de alguém.
Se depois de tudo isto, acreditar que tem condições para ser feliz, que aquilo que sentem ambos é já amor e não apenas o encantamento dos primeiros tempos, então talvez tenha chegado o momento de dar direito a si mesma a ser feliz.
Claro que vai pagar um preço. Claro que terá que conseguir chegar a acordo com o seu marido sobre a custodia do seu filho.
Mas se valer a pena a luta, se sentir que pode proporcionar ao seu filho um lar, então a única coisa que lhe posso desejar é muita força.
Se pelo contrário sentir no fundo do seu coração que não existem condições para um futuro, então minha querida, chore sem parar, faça o seu luto e ande para a frente, mesmo que pense que está quieta no mesmo local.
Porque depois desta experiência nada vai ficar igual.
Qualquer que seja a sua decisão.
Um abraço e volte com noticias.