Para onde vamos?
É como se estivéssemos à beira do abismo, tentados pelas forças mais negras a saltar ou então, pura e simplesmente a encolhermo-nos dentro de nós mesmos, sem respirar, sem mover um músculo, como se hibernássemos até a tormenta passar.
Perante as notícias de um mundo inteiro em desagregação económica, olhamos à nossa volta a aguardar o dia em que nos vai bater à porta o desemprego, ou então, já ai estamos com os olhos vazios de esperança.
E contudo, mais do que estar em causa todo o sistema em que assenta a sociedade dos nossos dias, o que se nos deparara é a urgência de efectuar mudanças profundas.
É fácil de dizer e muitíssimo difícil de concretizar.
Habituamo-nos a viver no mundo com múltiplas seduções, numa voragem de consumismo que se tornou a normalidade e não o contrário.
Quando converso com os meus filhos como era a vida quando me casei, tinha então 23 anos, eles olham para mim com um espanto total.
E faz-me bem voltar a rever esses tempos para poder olhar os dias de hoje com verdade.
Pertenço a uma geração que lutou para viver. Mas comprado com os tempos dos meus pais e avós a nossa vida era fácil.
A minha mãe começou a trabalhar com doze anos. Doze.
Ficou tuberculosa com quinze e quando oiço o que foi a vida dela, tenho vergonha de pensa que a minha foi difícil.
O mundo como o conhecíamos acabou?
Não acredito.
Vamos continuar a comprar o desnecessário por necessário, a viver nesta urgência de ter para parecer.
Ainda não é desta que voltamos ao respeito que a Terra e a Natureza nos merecem.