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Luísa Castel-Branco

E agora?

Luísa Castel-Branco, 29.09.09

 

Os portugueses surpreenderam todos ao demonstrarem o seu interesse pelos debates entre os candidatos às eleições do passado domingo. Contrariando a ideia de que não querem saber para nada da política, provaram estar atentos e desejosos de informação. Os resultados destas eleições provam-no. Sócrates estava morto e ressuscitou. De lobo mau passou a cordeirinho, mas o povo votou nele apenas o suficiente para que tenha necessidade de dialogar com os outros partidos, e dialogar não é uma palavra que conste do vocabulário do senhor.

Quanto ao PSD, a arrogância de Manuela Ferreira Leite conseguiu ultrapassar a do próprio primeiro-ministro. E os eleitores que um dia deram a maioria absoluta ao partido fugiram para o CDS ou não votaram, pura e simplesmente.

Voltando à arrogância, Francisco Louçã entra no campeonato e ganha um dos primeiros prémios. Absolutamente esquizofrénico! O Bloco recebeu os votos de protesto de muita gente, mas por sua culpa não atingiu a ambição de ser o terceiro partido. Os portugueses ficaram a saber quem era Louçã e de meninos atrevidos passaram a meninos imbecis e ligeiramente perigosos.

Em contrapartida, o líder do PCP recebe a simpatia de qualquer pessoa e um olhar benévolo, que mais não se espera do velho partido.

Quanto ao CDS, cresceu com os votos dos descontentes graças ao excelente trabalho de Paulo Portas. Não só ganhou todos os debates eleitorais como não teve necessidade de mudar em nada as bandeiras que durante quatro anos opôs ao governo no parlamento. Portas, ao contrário da "inteligência" que rodeia a líder do PSD e a própria senhora, não tem nojo do povo e continuou a beijar peixeiras (pelos vistos Louçã também se repugna com tal coisa!).

E agora? Agora vem aí a realidade, o buraco financeiro terrível em que o País se encontra e tudo o mais. É só esperar pelo fim das autárquicas e vai começar a doer. E então é que vamos ver o que cada um vai fazer com os votos que recebeu, e se percebeu ou não o que os portugueses querem.

 

29 | 09 | 2009