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Luísa Castel-Branco

Não deixa de ser irónico

Luísa Castel-Branco, 04.11.08
 
 

O livro O Segredo vendeu em Portugal mais de 350 mil exemplares. Hoje existem já no nosso país fervorosos adeptos dos seus princípios, e quando o autor esteve em Lisboa juntou 6 mil pessoas no Pavilhão Atlântico.

Em tempos de crise profunda, económica, de valores e princípios, o desnorte é tão grande que a sociedade vive aqui como em todo o mundo, momentos de pavor, não só do presente mas também do futuro.

Este livro propõe soluções inacreditavelmente simples, o que só por si nos faz duvidar.

Numa visão basicamente americana, quase todos os problemas apontados se resolvem com dinheiro: a ambição em o alcançar seja pelo trabalho ou pelo simples golpe de sorte.

Mas, se até aqui tal era uma simplificação paupérrima dos problemas com que a sociedade se defronta, hoje transformou-se na pedra base da vida de todos.

Na verdade, cada um procura à sua maneira algo a que se agarrar para não se afundar na depressão, na frustração, na incapacidade de encontrar algo de positivo na sua vida.
Apenas meia dúzia de portugueses têm fortuna própria.

Mais, a discrepância entre ricos e pobres acentuou-se nos últimos anos de tal forma que somos dos países na Europa com o maior fosso entre os poucos que têm muito e os muitos que têm pouco.

Como consequência directa temos a morte lenta da classe média, aquela que é sem dúvida a pedra base da sociedade
Perante a ausência de um único poder que apresente soluções de futuro, muito provavelmente é num livro como O Segredo que o cidadão encontra a receita para enfrentar a crise.

in Destak 04 | 11 | 2008