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Luísa Castel-Branco

"A Morte é uma Puta"

Luísa Castel-Branco, 30.09.07
 
Tenho uma paixão total pela escrita de António Lobo Antunes. Ele e Agustina Bessa Luís, são capazes de me transportar para além deste lugar do Universo onde o meu corpo está agora, retiram-me o peso da gravidade e eu levanto voo como se fosse um pássaro, livre, poderosa, imensa.
Com as suas palavras choro, rio, e muitas vezes ando dias seguidos com uma simples frase na boca, a saboreá-la, como se fosse um doce.
Outras vezes, enterram-me espinhos no corpo, e deixam-me a alma em desassossego.
O respeito que tenho pela arte e magia do poder da escrita que é só deles e também de todos nós, leva-me muitas vezes a olhar para o que eu própria escrevo e a sentir-me ridícula e tão pequena como a mais ínfima partícula da chuva que caí.
Para quem seguiu os passos e lhe sorveu as palavras, nos livros, nas crónicas e não menos importante nas entrevistas, esta é imperdível.
Sente-se na pele como o homem que é escritor mudou com o que a vida lhe trouxe: a dor, o sofrimento, o medo da morte.
A grandeza de Lobo Antunes como ser humano está patente na sinceridade das palavras reproduzias nesta entrevista (já agora parabéns ao jornalista António Céu e Silva pela excepcional entrevista.).
De uma rajada, mas com a suavidade que uma conversa intima proporciona, Lobo Antunes fala sobre morte, a vida, o amor, a política, o futebol.
E sobre Deus e a Fé.
É urgente não perder estas palavras. É urgente ler e pensar e mesmo para quem não goste do escritor e da sua obra, sobra um ser humano com uma dimensão que nos toca bem fundo e nos enriquece.
Existem seres excepcionais. Mas, por mais incrível que possa parecer, até os seres geniais como Lobo Antunes podem ultrapassar-se a si mesmo e tocar o céu com a ponta dos dedos, apenas porque a vida os marcou com mais um ferro em brasa.