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Luísa Castel-Branco

Um dia mato-te!

Luísa Castel-Branco, 23.08.08

Ouvia os passos dele nas escadas e começa a tremer, as pernas pareciam de gelatina, o coração disparava como um louco.

Rapidamente olhava em redor para ver se estava tudo arrumado, tudo no local certo.

Não que valesse a pena, ela sabia isso muito bem. Se ele decidisse implicar não necessitava de razão alguma, mas mesmo assim, o seu instinto de sobrevivência era mais forte que tudo e por isso mesmo, policiava a casa, a sua roupa, e quantos aos filhos, esses, já tinham fugido para o quarto sem necessitarem de aviso.

Era assim dia a pós dia. Nessa noite tudo correu bem, ele não reclamou do jantar, nem dos miúdos, também coitados nem levantavam os olhos em silêncio profundo mas seja como for até correu bem, e quando ele saiu a porta para ir até ao café, um enorme suspiro sem som cobriu a casa.

Nem sempre fora assim, pensava ela enquanto se apressava a lavar a louça, a deixar tudo num brinquinho.

Nem sempre fora assim. No inicio até que ele era um homem agradável, não era dado a grandes conversas ou carinhos mas ela sentia-se protegida por ele, o que deveria ser o mesmo que ser amada, não o sabia mas devia ser.

Depois, ainda ela estava grávida do primeiro filho, começaram as tareias, os insultos.

Vindos do nada, que mantinha a primeira vez que tal acontecera bem clara em todos os pormenores e sabia que não houvera razão alguma.

Mas não era preciso.

Os anos foram passando e ele foi aumentando em violência, e todos os pequenos nadas do afecto tinham desaparecido.

Os filhos tinham crescido naquele ambiente de medo e eram pequenos demais para saberem que havia outras formas de viver.

Um dia enchera-se de coragem e foi fazer queixa dele à GNR lá da terra.

Foi coisa estúpida sem duvida mas o que havia ela de fazer se não tinha ninguém a quem pedir ajuda?

Os amigos do marido, do jogo das damas e da pinga no café, olharam-na com desprezo e mandaram-na embora com a advertência de se comportar melhor para não apanhar o que merecia.

Nesse dia, tinha um lado do rosto todo negro, e um golpe no lábio que deveria ter levado pontos mas que não se atreveu depois disto a ir ao posto.

No dia seguinte, o marido entrou pela casa dentro em furia maior do que o habitual. Algum dos amigos lhe tinha contado do ocorrido e ...basta dizer que nunca mais lhe veio à ideia pedir ajuda à autoridade.

O senhor Padre já tinha ido falar com ele e o resultado fora o mesmo:

-Um dia mato-te!

Por isto tudo, a única coisa que ela sabia fazer era inventar formas de ser invisível, assegurar-se de que tudo estava onde devia e como devia e mentir na fábrica todos os santos dias sobre as nódoas negras e os cortes.

Quando no Verão passado tinham ido visitar a Mãe dela à terra, desabafara em lágrimas contando a sua vida.

A velhota chorou com ela. Mas quando lhe disse para pegar nos catraios e voltar para casa ela apenas respondeu com as palavras dele:
-Um dia mato-te!

 

"Violência doméstica já matou mais este ano

Observatório regista 31 homicídios conjugais em 2008 e 23 em 2007 "

in DN 22.08.08

 

 

Agora da Suiça com amor!

Luísa Castel-Branco, 21.08.08
liliana disse sobre Dos Açores com Amor na Quarta-feira, 20 de Agosto de 2008 às 22:22:


     

 

Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram.


Olá...

Chamo-me Liliana Santos, tenho 18 anos e moro na Suíça.
Não pude deixar de ler o que o Pedro lhe escreveu, e desde já, digo-lhe que faço de cada palavra dele, minhas palavras.
Obrigado! Obrigado por nos presentear com um romance de tal maneira maravilhoso.
Há muito tempo que não lia um livro tão perfeito, diria mesmo viciante, apaixonante...
Houve sempre uma curiosidade por voltar a página, uma vontade inexplicável que este livro nunca visse um fim...
Li-o num ápice, era mais forte que eu, fechá-lo e saber k havia ainda tanto por descobrir...
Admiro-a! Mesmo sem a conhecer pessoalmente, mas durante toda a sua vida, foi mostrando um bocadinho de si, e de todos esses bocadinhos que tive a honra de observar, você é uma mulher Fascinante.
Queria ainda dizer-lhe, que eu ( e com certeza, muitas outras pessoas), aguardo o seu segundo romance com tamanhas expectativas.

Que a sua passagem por este mundo (neste caso, da escrita), não acabe por aqui...

 

 

 

Liliana,

Não tenho palavras para lhe agradecer o seu comentário ao meu livro. E acredite que sempre que alguém se aproxima de mim na rua a elogiar a minha ALMA ou me escreve, eu tenho lágrimas nos olhos e um quentinho no coração.

Mil beijos e volte sempre a este meu canto.

Dos Açores com Amor

Luísa Castel-Branco, 20.08.08

Olá!
 
Chamo-me Miguel Paquete, tenho 15 anos e vivo em São Miguel (Açores).
Estou escrever-lhe, não para colocar uma questão, mas sim para lhe felicitar pela escrita do seu primeiro romance. Senti-me na obrigação de o fazer, pelo simples facto de ter adorado o livro e de ser sempre agradável ouvir críticas positivas e encorajadoras.
Apesar de ser o seu primeiro romance, digo-lhe, desde já, que a sua escrita fascina-me COMPLETAMENTE! Primeiro apresenta todas as peças do puzzle e depois, enquanto o Diabo esfrega um olho, consegue arranjar maneira de montar todas as peças e interligar todos os enredos contados ao longo do livro! Um livro diferente, uma história diferente e uma escrita diferente.
Foi, sem dúvida, um dos MELHORES livros que já li até hoje. Até o pormenor do heterónimo de Fernando de Pessoa! Meu Deus! O livro é perfeitooooo! A história é totalmente irreverente! A descrição de Alma é tão bem feita que, desde logo, é possível  imaginá-la pormenorizadamente.. enfim..
Ahhh! E espero que se lembre de mim, quando estiver a escrever o seu segundo romance! Sim, porque a senhora VAI escrever o seu segundo livro! Prometo que vou logo a correr comprá-lo! (A)
 
 
Atenciosamente.
 
Paquete
 
 
P.S- Desde pequeno que tenho uma grande admiração por si! Desde os tempos do programa 'Elo mais fraco' .. enfim.. é mesmo uma GRANDE mulher!

Miguel,

Como me fez sentir orgulhosa com o seu email!

E ao mesmo tempo absolutamente espantada. Como é possível, e independente dos seus elogios ao meu livro, alguém conseguir decifrar o género literário, o tipo de escrita, as nuances com tal porfendida?

O Miguel só tem quinze anos mas ...tem mesmo de ser alguém muito especial. O que estuda? Também gosta de escrever?

Daqui até ao maravilhoso mundo mágico dos Açores o meu enorme muito obrigada pelas suas palavras e sim, espero que o meu próximo livro tenha o seu comentário também.

Volte sempre aqui ao meu cantinho.

 

Luísa

Como não deixar morrer o romance

Luísa Castel-Branco, 20.08.08

Mariana disse sobre O Feitiço da Lua na Terça-feira, 19 de Agosto de 2008 às 11:15: 
 

Olá querida amiga Luisa, quando me falou no meu Alentejo (sou de Portalegre), vieram-me também a mim memórias da minha juventude, o meu lado romantico veio de novo ao de cimo, sim porque nós queiramos ou não, achamos que o romantismo é para os miudos e só sobrevive na adolescencia depois apaga-se, desvanece-se a vida também nos leva a isso verdade? mas teremos nós culpa por isso acontecer? Deveríamos nós ser sempre uns eternos românticos? Talvez, mas como fazer o romance existir, por exemplo, numa casa com três filhos e outro que trago no ventre a caminho, e com isto ser romantica ? Entende o que quero dizer? Ando numa azáfama todo o dia e á noite estamos mortinhos para cair na cama e dormir o sono dos justos e confesso que o romantismo é coisa que ficou, não extinta, mas que se tem vindo a adiar...mas não o deixemos morrer Luisa. Uma grande beijoka com a minha amizade e admiração.

 

Mariana,

Quem passou por ai sabe bem o quanto é dificil, para não dizer a maior parte do tempo impossivel, criar um ambiente romantico, ou se quiser, espaço para viver o tal romantismo que nos vai na alma.

A rotina é aniquiladora dos sentimentos, das cumplicidades e as crianças então, é como se de repente o nosso mundo começasse e acabasse com eles, com o medo de que algo lhes aconteça, enfim, tudo.

Mas, há sempre um mas, se a relação a dois sobrevive, então para o futuro existem milhares de recordações que nos vão alimentar para o resto da vida.

Na verdade, as mulheres e os homens vivem esta experiência de forma diferente e muitas vezes os nossos parceiros sentem-se afastados do nosso universo de mãe.

A mensagem que gostaria de lhe deixar é apenas uma, se ama e é amada, saboreie cada momento e considere que também isto é intimidade e romantismo.

Um grande beijo para si e para a sua familia e também para o novo membro do clâ.

 

 

 

O Feitiço da Lua

Luísa Castel-Branco, 18.08.08

Estava na planície alentejana quando vi o eclipse da Lua de há duas noites.

A magia daquela imensidão de terra plana que se mistura com o azul do çeu estrelado, permitiu-me ficar ali, suspensa daquele jogo de sombras, acompanhada mas ao mesmo tempo como se fosse um ser único naquele pedaço de universo, naquele momento em que o tempo parou.

Sei que é absurdo mas uma estranha acalmia cai sobre mim, embalando-me, como se eu e a lua vestida de negro, um xaile que a encobria cada vez mais e mais, deixando sempre um pedaço de luz bem visível, nos escondêssemos as duas do mundo e mantivéssemos uma conversa privada.

Vem-me à memória quando era pequena, e se cantarolava uma modinha assim: Porque tu tens os destino da Lua que todos adoram e não és de ninguém!"

A vida veio mostrar-me que longe estava essa realidade de uma adoração colectiva, ou mesmo e simplesmente uma adoração em momento de paixão.

Não que não tivessem existido mas o problema era meu, porque a paixão, o amor, as danças de acasalamento tudo isto e muito mais sempre me pareceram ridículas e desprovidas de dignidade.

E ao mesmo tempo, como eu era romântica (será que já não o sou?) tão estupidamente romântica, sempre sentada num muro qualquer, numa esquina qualquer, numa janela qualquer os olhos em alvo tentando desesperadamente encontrar o meu cavaleiro andante no seu corcel branco.

Ah! O Verão é mesmo tempo para idiotices e percas de energia.

Talvez porque não tenho férias há tantos anos, e nunca gostei de calor, esta estação do ano é para mim um compasso vagarosa e demorado na espera do Outono e de tudo o resto.

Mas o calor este ano deu tréguas e o  pais parece ter sido coberto por um vento filho do danado, que rodopia e se enrola nas nossas pernas, na roupa e leva as nuvens no c éu e velocidades vertiginosas.

Enfim, o telemóvel tem finalmente o descanso merecido porque o pais está de férias e tudo o que eu necessito de fazer tem que ficar adiado até mais tarde, até a cidade voltar a ser um desassossego, entre gentes e carros e gritos.

E vejam só onde eu fui parar, só por causa de uma lua cheia e de um eclipse que parecia um vvéu transparente!

Nada

Luísa Castel-Branco, 12.08.08

Eu a olhar para a vida e a vida a olhar para mim.

A vida sentada na cadeira de balouço com uns olhos transparentes e que me fixa como se fosse uma espada, não uma carícia mas uma espada que dói dentro do coração.

E eu a olhar para a vida e a pensar: O que estou a fazer de errado? Porque nunca consigo ser igual aos outros, sejam eles quem forem, mas simplesmente igual sem desassossegos de alma e noites em branco?

Que queres tu de mim? Para onde me levas ou porque não me levas para lado nenhum e me deixas para aqui perdida como uma idiota, à deriva, à mercê de tudo e todos e principalmente de mim?

Mas a vida já não me olha. Virou os olhos que são transparentes que apenas reflectiam a minha imagem e nada mais e agora deixou-se ficar, também ela queda a olhar lá para fora, para a ondulação das arvores.

Depois volta a cabeça na minha direcção e abana-a  com uma ar de comiseração, de pena, desistência.

Levanta-se e parte.

E eu para aqui fico, com os braços vazios e as mãos cheias de inutilidades que vou apanhando aqui e acolá, talvez eu consiga fugir se me esconder, mas onde?

Ah! Tanta gente feliz que por ai anda sem o saber! Tanta gente que acorda e se levanta da cama e respira, só isso, sem este buraco dentro do corpo!

Para onde foste vida que eu não te consigo seguir?

Quem não nos quer não nos merece

Luísa Castel-Branco, 09.08.08

 

nossocaminho disse sobre Deus conta as lágrimas das mulheres na Quinta-feira, 7 de Agosto de 2008 às 16:12:

 

 

Olá Luisa,


Provavelmente não deve ter reconhecido a minha história, uma vez que foi aqui que iniciei o meu desabafo quando esta nuvem negra se abateu sobre mim, é natural já que devem ser milhares as histórias de infelicidade que lê e ouve no seu dia-a-dia.
Recordo-lhe que meu marido pura e simplesmente no dia 1 de Julho decidiu dizer-me que já não me ama (mas nunca por estas palavras, mas sim por palavras muito pouco claras), recordo-lhe que tenho 31 anos e dois filhos lindos, que até esse dia eram amados pelo pai e pela mãe e que hoje recebem o exagerado amor da mãe que tenta a todo o custo perceber o "porquê" de tudo isto sem encontrar respostas...
Como lhe dizia num dos meus comentarios (desabafos), sinto-me sem forças, perdida nesta cidade grande e com saudades do meu cantido da provincia donde me tiraram com a promessa de ser eternamente feliz aqui. Sinto-me sem forças e envolta numa tristeza profunda e não consigo sequer disfarçar.
Quero e preciso te-lo de volta, ter de volta a minha familia, os nosso filhos precisam de nós e não consigo faze-lo entender isso... já tentei, tentei e voltei a tentar, parece possuido de forma tal que nao raciocina sobre nada...
Outra mulher... Não descarto esse hipotese... Mas que mulher é essa que admite uma relação em que ele continua a viver com a familia, a dormir com a respectiva esposa (dormir, entendar-se bem!), que continua a viver a vida normalmente com a unica diferença de ter interiorizado esta distancia, de ter decidido que quer ter a sua Vida o seu Eu!

Acho que só mesmo o tempo poderá esclarecer o que de errado se passa, até lá vivo... um dia de cada vez, tentando apagar esta tristeza e esboçar um sorriso a cada manhã...

Bjs e que este seja apenas um bom dia para ser feliz

 

 

Cara Amiga,

Tem razão, são muitas mensgens que recebe e respondo, e muitas pedem para não pubicar e é isso mesmo que faço.

Dai ter esquecido que já tinhamos conversado aqui.

Agora que fui reler os seus textos anteriores vejo que não está melhor, a palavra parece até ofenciva, mas que continua a afundar-se na sua tristeza e principalmente na incompreensão da realidade.

Mas o erro está em tentar encontrar respostas. Elas só virão muito mais tarde porque agora, mão vale de todo a pena tentar perceber o que se passa com o seu marido, ou melhor, tentar que ele lhe explique porque muito provavelmente nem ele mesmo sabe o que tem.

Portanto, é tempo de pensar em si, de arregaçar as mangas e partir.

Mesmo que tenha que ficar no mesmo lugar, partir aqui significa fechar a porta a esse amor, ou à procura do retorno daquilo que foi a sua familia, e iniciar outra.

Como? Pensando nos seus filhos e em si.

Pergunta-me se há mulheres que aceitem ter uma relação com um homem casado que vive com a esposa.

Claro que sim.

Como há mulheres que aceitam viver na procura diaria da razão pela qual o amor do outro desapareceu, rebaixando-se totalmente, naquilo que muitos ainda aceitam como uma consequência do Amor.

Diga-me quantos homens fazem isto? Porque razão este papel cabe sempre à mulher que muitas vezes mesmo com possibiliades economicas se agarra ao que foi, ao amor que terminou.

Volto a dizer-lhe o mesmo. Se a frieza dele for temporária, se a crise que ele está a passar for temporaria, não é a sua pressão que o fará voltar a ser quem era, bem pelo contrário.

Demonstre que se está também a afastar dele. Que tem vontade propria e respeito por si.

E acredite no fundo do coração que quem não nos quer não nos merece!

Eu sei que não estou a ajudá-la com saidas faceis para o problema ou sequer a pintar um futuro cor de rosa.

Mas se o fizesse não seria justo.

Aprenda a gostar de si. Não peça desculpa por amar e não aceite migalhas!

Volte sempre.

O Amor não é uma doença incurável!

Luísa Castel-Branco, 06.08.08
nanda disse sobre Porquê aceitar o que não nos satisfaz? na Segunda-feira, 4 de Agosto de 2008 às 14:40:
    

 

 

Cara Luísa, aqui estou, mais uma vez, a "espreitar" o seu blog. Também eu me licenciei, iniciei uma pós-graduação e pelo meio trabalhei a dias para poder ter uma qualidade de vida razoável, dentro das minhas poucas ambições materiais. Tenho dois filhos fantásticos, de 23 e 24 anos, que me apoiam incondicionalmente na relação, conturbada, que alimento há 25 anos. Tenho 44 anos, sou, modéstia à parte, inteligente q.b.b, dona de uma grande sensibilidade, atenta a tudo e a todos. Sou dona de uma personalidade forte, independente, não tenho medo da solidão. De qualquer maneira nunca me consegui libertar de uma relação que já me deu os piores momentos da minha vida. Estou à procura da tal viragem, da que me fará, definitivamente, feliz. Para isso precisava de um emprego estável, apesar de centenas de currículos enviados, que teima em não aparecer.
Talvez queira arranjar desculpas, " o coração tem razões que a mente desconhece". De qualquer forma gostava de incutir força e determinação a todas as que passam por situações complicadas. Talvez, em conjunto, possamos formar um blog, quem sabe?

 

Nanda,

Tive que ler várias vezes o seu post para assimilar as suas palavras.

Eu sinceramente gostava que a Nanda lê-se isto escrito por outra mulher. Uma mulher suficientemente poderosa para ter conseguido educar dois filhos, trabalhar a dias para tirar um curso superior e que diz que afinal tem uma relação miserável há anos!

Já percebeu o quanto esta afirmação, vinda de alguém que se descreve como o faz e que efectivamente deve ser esse ser humano, é um insulto a si mesma?

Por amor de Deus não me venha com a conversa que o coração, etc e tal!

O AMOR NÃO É UMA DOENÇA INCURÁVEL! Irra!

Ao longo da vida conheci mulheres fantásticas e incrivelmente infelizes em nome do amor por algum sujeito que não valia um cabelo delas!

Quando me deparo com uma realidade como a sua tenho vontade de gritar!

A Nanda merece muito, muito mais do que contentar-se em sobreviver.

E garanto-lhe que é mesmo verdade: mais vale só que mal acompanhada!

Imagine-se a si mesma daqui a dez anos, e pense o que poderia ter feito se não estivesse presa a essa relação sem sentido.

Seja verdadeira consigo mesma e lute, afinal, isso é o que tem feito a vida inteira!

Um abraço e volte sempre.

 

Luísa

Deus conta as lágrimas das mulheres

Luísa Castel-Branco, 06.08.08

Luisa...
Cá estou eu mais uma vez a visitar o seu cantinho.
Principalmente para lhe dizer que comprei o seu livro e que estou a adorar.
Tenho vindo aqui todos os dias, mas não tenho tido coragem sequer de desabafar o que me vai na alma. Tenho passado dias de extrema tristeza e profunda angustia. Desde o dia 1 de Julho passado que uma nuvem escusa se abateu sobre a minha cabeça e tema em não sair de cima de mim. Sinto o mundo inteiro nos ombros e senti-me sem forças.
Maldigo este homem que em segundos conseguiu tirar-me tudo o que tinha, tudo o que me fazia sorrir e viver... Tenho vivido em função de tentar perceber a cabeça dele e cada vez percebo menos... Sabe... Sinto-o arrependido agora e se calhar daqui a 5 minutos sinto-o distante... Neste momento já nem eu sei o que sinto!
Faço o que acho certo, já que não posso lutar contra algo que não sei o que é, faço o que o meu coração manda... Faço a minha vida em função dos meus filhos, optei por afastar a minha filha mais velha (para passar férias com a Avó) de modo a tentar protege-la, nem isso sei se fiz bem...
Não me imagino sozinha com eles os dois, pois para além de saber que não tenho condições financeiras para tal, também tenho consciencia da falta de condições psiquicas, uma vez que me sinto perdida.
Amo-o (será?) e isso doi-me... Deu-lhe tudo de mim, deu-me a ele e entreguei-lhe a chave da nossa felicidade e... agora... não tenho nada e não sei como recuperar o que ele já não quer...

Mais um desabafo... Mas talvez mais um testemunho de como um homem pode ser tão cruel ou ponto de destruir a vida de três pessoas em segundos... Três? ou serão quatro? É que segundo ele... Ele também não está bem! E a minha pergunta constante é: Porque é que ele não está bem se foi ele que escolheu este caminho?

Bjs e abraços a todas(os) e que este um bom dia para viver feliz.

 

Cara Amiga,

Não me dá elementos suficientes para eu compreender totalmente o seu problema, mas a minha leitura é a de que o seu marido/companheiro encontrou outra pessoa ou então pura e simplesmente decidiu que já não a ama.

A sua pergunta tem razão de ser mas a resposta possivel ao facto de tal acontecer não é fácil, nem muitas vezes real.

Porque se a relação estava bem, como foi ele envolver-se? Mas o que é uma relação estar bem? O desgaste dos anos é impossivel de não acontecer. Os problemas do dia a dia, a rotina, enfim, uma longa lista de pequenos nadas que nos fazem ficar fartos da vida que temos.

É natural que lhe doa terrivelmente aquilo porque está a passar. É natural que queira salvar o seu casamento e por isso tente adivinhar o que ele está a sentir ou a fazer a cada segundo.

Mas, infelizmente o exito da sua actuação está compremetido desde o inicio.

A unica forma de alguem medir o que sente pelo outro, quando quer partir e se sente infeliz e acredita ter encontrado alguém que lhe dá mais, é abrir a porta e deixa-lo voar!

Se ele um dia decidir voltar cabe-lhe a si aferir da confiança que sente pelas palavras dele.

Diz que enviou a sua filha para casa da Avó, para a proteger, o que significa que o clima é tenso e de discussão ou então daquele silêncio mais pesado do que a morte.

Tem outro filho, certo? E o que quer dizer quando afirma que não tem condições psicologicas para ficar só?

Nenhuma de nós tem, quando alguém que amamos nos deixa, mas a razão maior são os seus filhos e esses sim merecem o seu amor.

Quanto ás condições financeiras, se ele tomou tal passo, terá que prover o sustento da familia conforme a lei indica.

Minha amiga, o ser humano carece de felicidade como de pão. E procura-a nos locais mais certos e mais errados.

Uma familia só existe se algo unir todos os elementos: o amor e também o respeito.

Por muito que lhe doa, deixe-o partir.

Fale com os seus filhos e diga que vai chorar muito, e que isto é normal. Que o pai deles não é má pessoa simplesmente não a ama mais.

Um dia, vai ver que valeu a pena. Que foi bom ter engolido toda a raiva, toda a frustação de uma vida vivida para ele e em função dele, e que ele deita fora como um caco.

Um dia. Até lá relembro-lhe uma frase da Cabala, o livro sagrado dos judeus:

"Deus conta as lágrimas das mulheres"

Tenha força e volte sempre,

Luísa

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