Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Luísa Castel-Branco

Caça ao voto

Luísa Castel-Branco, 28.07.09
 
 

É tempo de férias mas afinal a campanha eleitoral já começou. As páginas de jornais e as imagens na televisão mostram a troca de insultos que vêm de todos os lados. É um lavar de roupa suja e como diz o povo "ainda a procissão vai no adro".

É isto que nos espera? É desta forma que os políticos tencionam apresentar-se aos portugueses? Meia dúzia de pessoas está verdadeiramente interessada se Sócrates convidou Joana Amaral, se o primeiro-ministro acabou o curso ao domingo, ou quem tem as contas certas: Manuela Ferreira Leite ou o Governo.

Por mais comentadores que aparecem no ecrã, artigos nos jornais e blogues, a verdade é que a maioria dos portugueses não se interessa com estes assuntos.

Sócrates anuncia dia sim dia sim medidas de apoio ao País. No meio de tanto barulho, informação e desinformação, o povo, nós todos, olhamos para aquilo e não nos diz nada.

Quanto ao maior partido da oposição, Manuela Ferreira Leite deve ir tirar da cartola não um coelho mas a lâmpada de Aladino, de tal forma a senhora vem criando suspense sobre o programa eleitoral do PSD.

Nós, o que sentimos no dia-a-dia é que o dinheiro é cada vez mais curto, cada vez mais pessoas no desemprego e muitas que temem ficar sem trabalho, e cada vez que aparece o montante que os gestores ganham como prémios, olhamos espantados e em silêncio. Porque efectivamente não há nada mais a fazer.

É um país divido ao meio: de um lado a vasta maioria que já não se recorda o tempo em que não vivíamos em crise.

Do outro, os ditos gestores que seguramente fizeram algo muito bem feito, ou as novas fortunas que por aí andam.

No meio temos presidentes da Câmara em tribunal, numa lista que engrossa todos os dias. Portugal virou uma Itália pobrezinha.

 

in Destak 28 | 07 | 2009  

Maria Basílio disse sobre O sabor doce das palavras na Terça-feira, 21 de Julho de 2009

Luísa Castel-Branco, 22.07.09
Maria Basílio disse sobre O sabor doce das palavras na Terça-feira, 21 de Julho de 2009 às 20:47:


 

     

 

Terminei agora de ler a sua "Alma misteriosa"... As ideias ainda não estão de todo clarificadas. AMEI o livro. Tudo. Cada página, cada personagem, cada emoção, cada mistério. O meu coração ficou despedaçado com a morte de Alma. Ser de Luz! Indigo ! Verdadeiramente excepcional. Que nunca nada nem ninguém a faça duvidar da capacidade que tem em entrar nas nossas emoções e deixar a sua marca. Enviou uma mensagem fantástica! Também eu tenho 2 mensagens escritas para os meus filhos... guardadas, simplesmente à espera que atinjam a maioridade! Mensagens do amor incondicional de uma mãe que faz suas as palavras de Alma ao seu filho Pedro! Espero apenas poder partilhar com eles a magia da vida! Apreciar cada segundo, cada sorriso, cada abraço, cada livro partilhado até que possam voar e ser ELES PRÓPRIOS.
Fico ansiosa á espera da próxima dádiva, pois quem escreve assim, com alma e coração só poderá ser um "SER de LUZ"!
Seja muito Feliz! Merece-o!

 

 

Maria,
Muito obrigada pelas suas palavras.
Abri o computador para deixar aqui um texto, e deparei-me com o seu comentário.
Não tenho forma de lhe explicar o quanto me sinto não orgulhosa, antes com o coração quente quando quem lê o meu primeiro romance o comenta desta forma.
Não sei o que acontece com as outras pessoas que publicam livros mas comigo, este  livro foi uma experiência tão marcante que ainda hoje sinto falta da Alma e das outras personagens.
Imagine que o texto que eu hoje queria escrever era exactamente sobre livros.
Acabei o meu segundo romance e fiquei exausta, sem vontade alguma de me aproximar das teclas do computador.
Contudo, na minha cabeça novas histórias imergem todos os dias. Como se os longos anos que já passei tivessem colocado num local qualquer escondido dentro de mim, momentos e histórias e cores e perfumes tudo isto à espera que eu os descreva.
Quando acabei este segundo romance, no final chorei. O mesmo aconteceu com a Alma.
Depois é um sentimento de libertação. Quase um ano de noites sobressaltadas com as personagens a falarem dentro da minha cabeça, esta necessidade permanente de me refugiar do mundo e ficar sozinha no silêncio a escrever.
Mas a vida contínua, as contas têm que ser pagar e por isso o acto da escrita é sempre feito à revelia da realidade.
Depois desta euforia vem um sentimento estranho, um misto de vazio e alheamento.
Como se me tivesse despedido de amigos que partiram para sempre, não sei explicar.
A revisão do texto é, aprendi-o com a Alma um processo difícil. É a necessidade de ter um distanciamento em relação ao que escrevemos e ao mesmo o tempo voltar a mergulhar na vida daquelas pessoas que para mim são absurdamente reais.
Estou ansiosa, enervada, amedrontada, enfim, todos os sinónimos que existem quanto à publicação desta minha segunda aventura.
Definitivamente, escrever um livro é retirar um pedaço de nós mesmos e coloca-lo nas mãos dos leitores.
Espero poder ler o seu comentário sobre este segundo fôlego.
Acredito que nunca se é velho demais para concretizar um sonho, e este sempre foi,  depois de ser Mãe, o maior sonho da minha vida.
Um grande abraço.
Luísa
 
 

Em silêncio

Luísa Castel-Branco, 14.07.09
  

Não me toques! Esta cama tem o tamanho de um oceano e ainda assim não é grande suficiente para nós os dois! Não fales comigo! As tuas palavras perderam o sentido, perderam direito a ecoarem nesta casa e na verdade, não as ouço, só vejo a tua boca mover-se, nada mais. Não olhes para mim! Faz aquilo que fazias antes, entrando e saindo sem dares conta que eu existia, e eu tão parva, preocupada contigo, que problemas terias, que não os partilhavas com a tua família, coitado!

Simplesmente limita-te a estar aqui sem que eu te sinta por perto. Se não queres partir, e eu não tenho para onde ir, então respeita pelo menos o meu esforço diário perante os nossos filhos, esta representação de vida a que sou obrigada. Como tudo muda de repente! Nunca achei possível que ao invés de te esperar com preocupação até sentir os teus passos, a chave na porta: «Então, amor, como foi o teu dia? E tu a falares das chatices do trabalho e eu a aquecer o jantar», eu rezasse para que dormisses mais uma noite fora. É como se o tamanho imenso do meu amor fosse proporcional ao ódio que te tenho. Sei que comentas com os amigos que isto passa, que são ciúmes que tudo vai voltar a ser igual. Não podes estar mais errado!

Mesmo que me saiba sozinha nesta cidade que não é minha, e no fundo do meu coração sei que se ainda estivéssemos na nossa terra as únicas palavras que ouviria eram conselhos de silêncio e obediência, que os homens são assim, nunca mais serei quem fui. Tu mataste-me o coração, arrancaste-me a alma, rasgaste o meu corpo e as memórias boas esvaíram-se.

Agora, nesta casa que um dia foi lar, há dois desconhecidos e duas crianças que olham para nós. E só este olhar me segura!

in Destak 14 | 07 | 2009

Jogo de espelho

Luísa Castel-Branco, 07.07.09
 
  

Um labirinto de sedas. O ser humano olha e o que vê não é a realidade, não é a sua própria imagem mas algo distinto, como se os espelhos fossem deformados e projectassem aquilo que cada um quer ver. Depois existe o labirinto de panos, sedas leves e translúcidas ou tecidos pesados, difíceis de mover. Caminhamos às apalpadelas, aos tropeções. Primeiramente enganados pelos espelhos mágicos iguais aos daquela casa na Feira Popular em que o corpo mais esguio virava uma bola. E de seguida, há que levantar os panos do labirinto, um após o outro e outro e outro, sem nunca terminar, sem parar a não ser no dia em que partimos para sempre desta existência. E porque temos medo, porque vivemos perdidos e assustados, escolhemos fazer o percurso acompanhados. Necessitamos tanto de estar inseridos num grupo que somos capazes de prescindir da nossa personalidade de forma a sermos iguais, que pouco a pouco nos diluímos transformando-se toda a sociedade em algo passível de ser categorizado, definido, sistematizado. Na verdade, cada vez nos reconhecemos menos. E para fugir ao medo, assemelhamo-nos cada dia mais um pouco a um enorme rebanho. E porque não? As ideologias morreram há muito, o Euro já é uma lembrança tão apagada quanto as ridículas bandeiras nacionais esquecidas. As relações entre as pessoas são cada vez mais fugazes, num país onde ainda não se alcançou um acordo para o ensino da Educação Sexual, a realidade em contrapartida já nos deu todas as respostas: somos o segundo a nível europeu com o maior número de mães adolescentes.


 

in Destak 07 | 07 | 2009