Ana Filipa Oliveira disse sobre “Não Digas a Ninguém”
Visite o meu livro, leia-se blog, em Coisas Banais - http://coisasbanais.blogspot.com. Terei muito prazer em recebê-la por lá. Até breve.
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Era uma forma como outra qualquer de se refugiar da vida, de percorrer os dias cumprindo todos os rituais que os outros esperavam.
Havia nela um sorriso triste que lhe moldava o rosto em permanência, como se fosse a maquilhagem que não usava.
Os tecidos envolviam-na e as suas diferentes texturas davam-lhe que pensar, tacteando-os sem se mexer, fixando-se em cada pormenor que não existia.
Muitas vezes, quando os colegas de trabalho falavam com ela, e ela respondia correctamente a todas as questões, mal sabiam eles que os via e ouvia através de cornucópias, flores miudinhas ou simples riscas que bordejavam os panos como se fossem fiapos.
Ninguém quer verdadeiramente saber o que nos vai na alma, quando todo o nosso corpo grita por ajuda. Não. As pessoas queriam conversas de circunstância, era compreensível, todos tinham os seus problemas.
E após tantos anos sozinha, a vida toda que não se cumprira, os sonhos que nunca passaram disso mesmo, ela inventara os tecidos que envolviam o seu dia-a-dia, em vez de encher a casa de gatos abandonados ou recolher-se nas igrejas, como aquelas mulheres vergadas que ali limpavam os corações e a maldade.
Quando soube que ia ser reformada, ao abrigo de uma qualquer lei, nem isso a surpreendeu.
Afinal, se tudo era apenas um compasso de espera, entre uma solidão acompanhada e o meter a chave na porta de casa e encontrar-se só, de que adiantava?
Foi então que passou a vestir as ruas da sua pequena cidade com os mesmos panos com que cobria a sua solidão.
in Destak 17 | 11 | 09
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Olho para o livro em exposição na livraria e pergunto a mim mesma: quem o terá escrito?
Vejo o meu nome e não reconheço mais de um ano de trabalho, bloqueios, crises e a vida, sempre a realidade a pesar-me nos ombros como um casaco molhado.
É bem verdade o que me diziam os escritores que entrevistei: Quando as palavras são impressas não mais nos pertencem.
São como o filho que abandonou cedo de mais o lar, cresceu e anda por ai, nas ruas, nos braços de outros.
Sensação tão estranha esta. Ouvi há poucos dias dizer Lobo Antunes (o gigante): "...sinto-me como um ladrão quando recebe um prémio ou um elogio. Não fui eu que escrevi o livro, apenas sou um transmissor das vozes que ouço e o destinatário é o leitor"
São efectivamente vozes que nos perseguem dia e noite, nos dominam o corpo.
Exigem que as tornes reais, nesse outro mundo que existe do lado de lá, e quando dou por mim passei para esse mundo irreal onde a realidade é muito mais plausível, concreta.
Até à ultima palavra de um romance, as vozes dominam-me e não o contrário.
Não posso dizer que vai ser assim e assim. Não me deixam.
Mas é bom saber que grandes figuras da literatura vivem assim, dia após dia.
Li que ninguém escolhe viver nesta duplicidade, que é ao mesmo tempo uma maldição e uma bênção.
Sinto-me como se estivesse à beira do precipício e não conseguisse deixar de olhar, fascinada, maravilhada, certa que estou de que ganharei asas quando saltar.
Nunca tive escolha. Tenho que escrever todos os dias e compulsivamente e se sempre o fiz, agora vivo numa luta contra o tempo.
Dar início a esta aventura aos 54 anos é, uma vez mais, lutar contra a ordem das coisas.
Só espero que os leitores partilhem desta minha "viagem" com o mesmo prazer como aconteceu com "Alma e os Mistérios da Vida".
Basta uma só pessoa sentir-se tocada pela minha história, e terá valido a pena.
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As notícias sobre a gripe A são cada dia mais alarmantes. Seria pois de pensar que os grupos de risco, profissionais de saúde e os restantes grupos considerados prioritários tomassem de imediato a vacina acabada de chegar a Portugal.
Mas tal não acontece, bem pelo contrário. As recusas em tomar a dita vacina vêem de todo o lado: Médicos e enfermeiros, políticos.
E entre uma lista cada dia mais longa de doentes infectados, lá aparecem, também todos os dias, nos jornais e nas televisões, pessoas que julgamos saberem do que falam, a afiançar que a dita vacina é perigosa.
Mas, afinal, em que é que ficamos?
A Organização Mundial de Saúde é ou não o organismo máximo para poder validar, o que já fez, a vacina?
Surgem também notícias de que alguns países do Norte da Europa teriam retirado a vacina.
Mas, no dia seguinte, lá surgiram desmentidos, desta vez em letras bem mais pequeninas.
E perante tudo isto o que devem as portuguesas grávidas, as mães com crianças de alto risco (como é o caso da asma), os doentes crónicos?
Se a ministra fala, logo aparece alguém a levantar suspeitas da qualidade do produto.
Das duas uma, ou a gripe A se transformou em mais uma das várias facetas da guerrilha política, ou então todos nós agradecíamos que, de uma vez para sempre, decidissem se devemos ou não tomar a dita vacina.
in Destak 03 | 11 | 2009
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