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Luísa Castel-Branco

Em Nome do Filho

Luísa Castel-Branco, 22.10.11

 

 

Há quatro dias que ando a tentar colocar aqui a capa do meu novo livro. Mas a minha incompetência e grande demais.

Veio por email e portanto....desisto! Não sei mesmo como o fazer.

Mas aqui estou eu, mais uma noite de  insónia, faltam apenas dois dias para o lançamento e é com a maior vergonha que vos confesso que o meu estado é de pânico.

Quando acabei este novo romance pensei, óptimo desta vez vai ser mais calmo, mais fácil.

Mentira! Até me senti confortavel durante quarenta e oito horas no maximo e depois, zás!

Primeiro vem aquilo que é um verdadeiro acto de contrição que é a revisão do texto.

Se não fosse o pessoal da Editora e não havia livro! Começo a ler e tenho ânsias de marcar com o lápis folha após folha: retirar

Depois das revisões é o compasso de espera. Dá-me ânsias de fazer mil e uma coisa mas noite após noite "Elas" continuam dentro da minha cabeça, as personagens, à espera.

E eu preciso urgentemente de me ver livre delas!

Quero partir novamente para esse mundo maravilhoso onde vozes e sombras e luz e o desconhecido enche a minha cabeça e a minha alma e começo a escrever na memória coisas sem nexo que depois por milagre se encadeiam umas nas outras e ganham vida.

E ai parto eu para nova aventura!

Esta fase, a apresentação do livro é a pior de todas.

Que tenho eu a dizer sobre o que fiz?

Que podia e devia ser muito melhor?

Não tomem isto como falsa modéstia, estou a ser completamente verdadeira como é habito neste nicho que partilho convosco.

"EM NOME DO FILHO" é este o titulo. E por uma vez o titulo apareceu-me logo de inicio, ainda eu observava as várias vozes que me chegavam.

 

Há dias vi na RTP1 uma entrevista com Lobo Antunes.

E chorei porque quando ele diz alguém faz a minha mão escrever que não eu, e que as historias vêem ter connosco e não o contrário, entre tantas outras afirmações, senti-me muito menos anormal.

 

Segunda dia 24.10, ás 20h00 na Bertrand do Chiado lá estarei e convido-vos a todos.

 

Um abraço, um forte abraço.

 

Luísa

 

P.S.

Publiquei os comentários com um enorme atraso mas não há mesmo coincidências. As mensagens que recebi sobre os meus outros romances foram um bálsamo preciso neste momento. A todos, muito obrigada.

Parabéns queridos!

Luísa Castel-Branco, 13.10.11

 Um ano! 365 dias faz hoje exactamente que ele nasceu. Parece que foi ontem. E, contudo, ele está enorme. E aquele riso gutural, que sempre faz quando gosta de alguma coisa, da comida ao colo, e gatinha a uma velocidade enorme e depois pára de repente e olha para trás, com um sorriso malandro no rosto. Ao olhá-lo deparo-me com os traços nítidos de outro bebé, há muito tempo. O sangue fala forte e é fascinante esta coisa da genética e do que trazemos inscrito dentro de nós. Há algo de mágico em ser avó, tão diferente de ser Mãe, mas tão estranhamente poderoso. Como se o amor tivesse muitas faces, mais do que a lua, como se o coração pudesse guardar para todo o sempre cada riso, expressão e lágrima. E a par das memórias tão nítidas dos nossos filhos vêm depois as dos netos, e encaixam-se na perfeição. É isto a vida. Os novos que chegam para construir o futuro, os nossos filhos agora gente crescida com as preocupações que tivemos, enfim, como se fosse uma roda gigante que se move sem parar. Faz hoje um ano eu sorria para não chorar. Uma Mãe não deixa de o ser porque é a sua filha que ali está, portas adentro, a trazer ao mundo um novo ser. Depois, precisamos de vê-los a ambos, Mãe e filho, tocá-los, e só então descansamos. Mas é um descanso pequenino, eu sei. Enquanto vivermos estaremos sempre preocupados, tementes do destino. Mas é isso o amor. E este amor, por uma filha, por um filho, pelos netos, é o mais puro de todos.

 

in Destak 11 | 10 | 2011