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Luísa Castel-Branco

2012. E o que fizemos de 2011?

Luísa Castel-Branco, 31.12.11

Chegamos aqui, a dia 31 de Dezembro e somos levados a olhar para os dias que perfizeram este ano, a fazer uma avaliação do que conseguimos alcançar e em que é que falhámos.

E logo de seguida fazemos mentalmente a lista dos projectos, sonhos ou seja lá o que for que queremos atingir no ano que começa amanhã.

Não sei quantos dos que me lêem conseguem olhar para trás e sorrir. Eu maltrato-me a mim mesma pensado em tudo o que falhei, o que não concretizei, enfim, sonhos deixados cair na calçada.

Dia 29 o meu marido saiu de casa de manhãzinha e voltou com 8 rosas.

Eu tinha-me esquecido.

Fizera no dia anterior, no dia 28 de Dezembro, exactamente 8 anos que em tive o AVC.

Desde ai, pelo menos durante os primeiros anos, eu costumava celebrar esse dia como se fosse o meu aniversário.

Nada como estar perto da morte para valorizar a vida.

Mas com o tempo, esqueci-me.

E perante aquelas 8 rosas, quando já estava sozinha, chorei copiosamente.

A vida, Deus, o que quiserem chamar, deu-me uma segunda oportunidade.

O que tenho feito com ela?

E quando parei de chorar e ter pena de mim, e raiva de mim, pensei que foi durante estes 8 anos que consegui  escrever os meus livros, consegui habituar-me a viver com as sequelas do AVC, com as memórias perdidas, enfim, com uma nova realidade que me transformou num novo ser humano.

Esta exigencia comigo mesma é terrivel e errada.

E peço a todos que sejam benevolentes convosco, sem que isso signifique esquecer os erros e tentar mudar.

Á minha volta tenho tanta gente que está mal. Tantas relações que estão em perigo, porque em momentos como este a realidade faz esquecer o amor que um dia nos juntou, e tudo o que tivemos de bom.

Não há bela sem senão, como diz o povo.

Enfrentar 2012 exige coragem, mas também Fé em nós e nos outros e uma enorme capacidade para engolirmos as nossas exigências em relação a nós mesmos e aos outros.

A todos um voto de um 2012 pleno de saude.

E aqui vos espero.

Ter Fé!

Luísa Castel-Branco, 21.12.11
 
 

Estes Natal e final de ano não serão fáceis para os portugueses.
É agora mais do que alguma vez o foi, necessário ter Fé. E não falo em termos religiosos, mas sim um outro tipo de Fé.

Fé como sinonimo de esperança, de perseverança, de acreditar que haverá um futuro melhor.
Por uma vez devíamos olhar todos para esta quadra como o fazem as crianças, de coração aberto, na expectativa e também na certeza que temos de que seja o que for que uma criança receba, vai exultar de e alegria.

Quando um ano termina penso sempre naqueles que amei e já partiram.
E claro, como todos, os meus votos para o próximo ano são sempre dedicados em primeiro lugar aos meus filhos e netos.

É assim porque amar é não esquecer quem partiu e querer mais para aqueles que amamos do que para nós mesmos.
Mas este ano temos que abraçar no nosso coração tanta gente que passa por dificuldades, tantos que estão sós.

E para além da inter-ajuda, somos obrigados a olhar em frente e levantar a cabeça e dizer para nós mesmos: Eu vou ser capaz!
Capaz de ser positivo, capaz de estar presente quando os outros precisam, capaz ter um ombro amigo e disponível.

Capaz principalmente de negar este pessimismo tão português, este fado que nos persegue e nos faz olhar a vida com um peso nos ombros.
Agora este peso é real.
E por isso é urgente recordarmo-nos que já passámos por outros momentos difíceis e ainda aqui estamos. E relatar aos nossos filhos e netos essa experiência de vida que possuímos porque a mesma lhes dará forças para o futuro.
É ai que reside o amor.

 

In Destak

19 | 12 | 2011 

Patricia Costa disse sobre A Amizade no Domingo, 27 de Novembro de 2011 às 21:23

Luísa Castel-Branco, 16.12.11
 

 

     

ola luisa, tudobem? Eu sou a patricia costa sua fa depois de ler o seu livro (alma) . acabei de ver o programa na sic mulher, e se ja a admirava... fiquei a ama la:) quanto ao comentario sobre a amizade ...eu devo ser... um ser muito diferente, pois nao tenho uma verdadeira amiga do qual eu possa me abrir e confiar...pois ja tive grandes desilusoes e isso me faz afastar e ser muito critica acerca de meus conhecidos ...tenho me afastado de todos pois acho tudo muito forcado...pois existe uma grande disputa de materialismo ,ver quem tem mais ...as vezes gostava de ser diferente ignorar isso tudo..mas nao consigo ...acho tudo tao falso ...mas no fundo eu gostava de ter alguns amigos e me divertir...e triste ...as vezes chego a pensar que estou perdendo a vida com mesquices ...mas quando me reuno com alguns nao me identifico ...acho que o melhor de tudo na minha vida e a familia...e o meu amor (o alvaro) ...meu confidente e meu amigo ... E vou fiquando por aqui pois se me coloco a escrever ainda a minha curta vida da um livro....rssssssssssss uma frase que me marcou dita por si foi (que se achava feia ) que e exactamente o que sinto ...obrigado luisa por existir.

 

Patrícia,

O que é isto? Será que anda a viver a minha vida ou eu roubei-lhe a sua?

Mas pelas suas palavras vejo que é muito mais nova do que eu por isso vou dar-lhe um conselho, porque é fácil detectar a solução dos outros e tão difícil aplica-la a nós mesmos!

Tente baixar os seus padrões e exigencia. Não a vão conduzir a bom porto, posso garantir-lhe.

As pessoas que conheço falam das suas amizades e eu fico calada.

Tenho duas amigas verdadeiras. Uma conheci-a quando  tínhamos catorze anos e a outra por acaso é minha Tia.

Mas se eu fosse capaz, se eu voltasse atrás, lá estou eu a viver o meu passado, teria exigido menos dos outros. Teria aceite as conversas sem qualquer interesse para mim. Enfim, teria representado mais vezes e durante mais tempo que era igual aos outros.

Porque ser assim, ser diferente é difícil e solitário.

Mas se houve algo que apreendi  ao longo da vida, é que existem muito mais pessoas como nós. E em muitos comentários que não  publico troco correspondência assídua com muitas que tal como a Patrícia e eu ,  são cartas fora do baralho.

Abra um nesga do seu coração a essa hipótese.

Um beijo grande,

Luísa

 

 

 

Isabel disse sobre Em Nome do Filho na Quarta-feira, 30 de Novembro de 2011 às 12:21

Luísa Castel-Branco, 16.12.11
 

 

     

Subitamente não foi preciso esperar pelo Natal. A oportunidade de ler o seu livro sugiu pela mão de uma amiga a quem eu manifestava a minha intenção: eu já o tenho e empresto-o!! Palavras mágicas! No dia seguinte lá nos encontrámos na nossa rotina dos transportes e lá vinha num saquinho o mais desejado. Forrei-o com papel branco para não sujar a capa e nesse mesmo dia no regresso a casa comecei a ler. A viagem foi curta mas após o jantar instalei-me no meu sofá, pus os óculos, e tal como em Alma, fui devorando as páginas até que o sono e o bom senso decidiu que já era tarde e o despertador não se calaria espontaneamente de manhã. Durante esse dia não tive oportunidade de lhe pegar, mas à noite retomei a minha leitura e só o larguei quando li a última linha. Mais uma vez fiquei agarrada à sua forma de escrever, à sua capacidade de transmitir os sentimentos de uma forma tão clara mas tão intensa que me arrebata e me impele a continuar a leitura. É lógico que quando termino fico com pena porque quero sempre mais mas fiquei com o meu coração e o meu espírito prenchido. Parabéns e aviso já que fico à espera do próximo

   
 
Ah Isabel! tão bom, tão bom ler as suas palavras. A insegurança que sinto, e que sei que é partilhada por gente muito melhor do que eu, após o livro deixar as minhas mãos e partir para as livrarias e depois para as vossas mãos é tão grande!
Sinto sempre que podia ter feito melhor, que podia ter conseguido alcançar mais.
Mas "Em Nome do Filho" já não me pertence e eu sinto tal como nos outros romances que escrevi, que essas personagens existem e andam por ai e eu rezo para que encontrem o seu caminho e principalmente a paz.
Um grande, grande muito obrigada para si.
Luísa

 

ERA UMA VEZ disse sobre A Amizade na Quarta-feira, 30 de Novembro de 2011 às 15:54:

Luísa Castel-Branco, 16.12.11
     

 

Cara Luisa

Ando nestas coisas das "bloguices" há poucos meses.
Lembro-me que "na minha primeira vez" procurei por si e fiquei desanimada, ou não encontrei nada ou era tudo antiguinho.

Ontem não sei o que me deu e procurei de novo. Ah Ah, cá está ela...e vou ter oportunidade de conversar, se, claro estiver para aí virada, pois que tem muito que fazer, eu sei, pois ele é o livro, os artigos, a tv, e os maravilhosos cachecois quentinhos, que há serões em que nada é tão preguiçosamente delicioso como um suave e eterno tricot, então não é?

Cara Luisa, desculpe a informalidade... QUERO VOLTAR em breve para lhe falar do seu livro ALMA, a "maior" surpresa literária dos últimos tempos...
Posso?

Até lá, tudo de bom.
Um tímido abraço
   
 
 


Pois minha cara ERA UMA VEZ, infelizmente a falta da minha presença aqui no meu blog é quase proporcional à minha falta de presença na vida.

Já devia ter apreendido que uma vez acabado um romance fica um buraco no estômago mas desta vez o dito  buraco no estômago juntou-se a um  buraco na alma e a um enorme sentimento de culpa.

Porque ando assim? Porque me perco nos dias a olhar o vazio e a sentir-me tão vazia? Não sei. Não sei e tenho o dito sentimento de culpa porque estamos a atravessar uma fase tão dificil  para todos que as minhas dores de alma não têm direito a existir.

Acordo de manha e digo para mim mesma: Os meus filhos e os meus netos estão bem, têm saúde e tudo o resto não pode ter importância.

Mas tem.

Talvez seja a idade. Não sei mas ontem dei comigo a pensar que para sobrevivermos ao passar dos anos, talvez devêssemos deixar cair as má memórias como certos animais deixam cair as escamas ou as penas e se renovam.

Eu, pelo contrario, deu-me agora para olhar para trás, para estes 57 anos percorridos e passar dias seguidos a ver clara e nitidamente  o que fiz de errado, por onde devia ter ido e não fui, sei lá, parvoíces.

Talvez seja também o Natal, quando as saudades dos que já partiram e dos outros, que estão vivos mas é o mesmo que não estarem, tudo se torna mais pungente.

Estou para aqui a divagar, e a verdade nua e crua é que quando atravesso uma fase assim, não consigo fazer o mínimo trabalho que suavize os dias, nem os ditos cachecóis bem quentinhos.

Creio que em quase 15 anos esta é a primeira vez que não vou fazer os presentes de Natal.

Agradeço a sua mensagem por me obrigar a abanar-me a mim mesma.

Peço desculpa pela ausência.

Peço desculpa pelo ataque de estupidez que já dura há demasiado tempo.

E claro, sempre que quiser volte que eu...ia dizer prometo mas não, digo antes, que eu vou tentar vir aqui e despejar a Alma.

Um abraço,

Luísa