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Luísa Castel-Branco

Os senhores que se seguem

Luísa Castel-Branco, 03.12.08
 
 

Governar é difícil. Em qualquer circunstância e quando o mundo atravessa uma crise de proporções que ninguém imaginava, é óbvio que Portugal sofre ainda mais.

Mas, se os braços de ferro que as várias forças mantêm com o governo são uma manifestação de revolta contra as condições em que a maioria da população portuguesa vive, não é menos verdade que existe por parte de quem tem o poder uma atitude incompreensível, e que terá efeitos nefastos na futuro da democracia.

Tomemos o exemplo da luta dos professores. Sem tomar partido por um dos lados, a questão base é a seguinte: O Governo jurou a pés juntos que não recuaria, depois tivemos a maior manifestação que há memória. O Governo recuou. De seguida são os sindicatos que continuam irredutíveis e não aceitam as alterações. E o Governo volta a recuar.

Onde vai terminar esta saga? Fica tudo como dantes? Aceita-se a última proposta dos sindicatos e cada professor avalia-se a si mesmo? Ou adoptamos a medida de Alberto João Jardim?

Qualquer pessoa que tenha que educar um filho sabe que deve ter cuidado no que exige para se manter firme e não ceder.

Quando um jovem encontra um ponto fraco, quando descobre que é mesmo uma questão de levar os pais à saturação, vai conseguir tudo o que quiser.

Independentemente da razão ou não dos professores, um governo que recua perante as manifestações de rua, e não por considerar que estava errado, é um governo frágil.

Quem vem a seguir e repete este braço de ferro e o que vai o governo fazer?

in Destak 02 | 12 | 2008