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Luísa Castel-Branco

bofetada é crime, porte de pressão d'ar, não!!!

Luísa Castel-Branco, 24.02.09

 

 

 

 

 

 

 

Cara Luísa,

 

 

 

 

 


   Venho aqui mostrar a minha indignação com as leis deste país e solicitar-lhe que isto seja divulgado, porque não acredito que alguém com um mínimo sentido do que é justo possa concordar com isto.
 
Sou divorciada e tenho um filho de 12 anos que visita o pai quinzenalmente.
 
No passado dia 9 de Janeiro, fui confrontada pela directora de turma do meu filho que este levara para a escola uma pressão de ar.
 
Fiquei surpresa, pois nunca deixei o meu filho brincar com armas e, até aos action man que lhe davam eu retirava as armas. Sou vegetariana e pacifista. Abomino a violência e nunca permiti armas na minha casa.
 
Ao questionar o meu filho, fiquei a saber que fora o pai quem lhe dera esse "brinquedo" há já dois anos pelo Natal.
Fiquei a saber também que o pai se gabara de, quando fogem, ter tido uma e a ter usado para dar um tiro na perna de um funcionário da escola (continuo).
 
Para levar a arma para a escola, faltou a uma aula para ir a casa do pai buscar a arma. (Perdão, é um "brinquedo" e não uma arma. Pois a nossa lei não a considera uma arma).
 
Indignada, telefonei para os avós paternos do meu filho, que não compreendem onde é que está o problema do meu filho ter uma pressão de ar, pois eles acham perfeitamente normal. Aliás, como o pai do meu filho não trabalha, foram eles quem "patrocinou" a compra do "brinquedo".
 
Furiosa e revoltada, fui à esquadra tentar apresentar queixa pelo facto de terem colocado uma arma na mão do meu filho. Mas não o pude fazer! Porque não há crime!!!
 
Se o meu filho, com o seu "brinquedo" sem querer, furar a vista a um colega ou a um professor e se, revoltada, eu lhe der uma bofetada, sou presa por agredir o meu filho. Mas ele pode andar aos tiros nos baldios junto à escola, porque a pressão de ar "não é uma arma", logo, tal não é considerado crime.
 
O meu filho falta ao respeito aos professores e é, por vezes, agressivo com os colegas. Falta às aulas. recusa-se a estudar. Eu, todos os dias converso com ele, tento colocá-lo no bom caminho pela via do diálogo. Mas em vão, pois o meu filho só ouve o que lhe interessa. Eu nunca lhe faltei com o carinho nem com o diálogo. Tento incutir-lhe responsabilidade e respeito pelos outros, mas sou obrigada a deixá-lo ir para o convívio com um pai que faz de tudo para destruir a educação do meu filho. E o resultado está à vista... já não me respeita e muito menos me obedece.
 
Ainda não há muito tempo, uma surra metê-lo ia na ordem! Mas não pode ser. É crime.
 
Desesperada, liguei para a linha de apoio às crianças em risco. Mandam-me conversar com ele! Como se eu não o fizesse! Disse que há anos que tento fazê-lo, mas que já não resulta. Dizem que, nesse caso, não sabem o que me dizer mais... Dói... Dói não podermos educar os nossos filhos como fomos educados (e que resultou) e não haver ninguém que nos ensine como o devemos fazer. Qualquer dia tiram-mo e pregam com ele numa instituição qualquer, com miúdos delinquentes, onde não vai aprender nada de bom. Mas não me dão oportunidade de educar o meu filho longe da má influência de um pai alcoólico e que vive à custa dos pais porque não quer trabalhar.
 
Fiz uma petição ao Juiz do Tribunal de menores para impedir o meu filho de voltar para o pai, mas vai levar meses até que se prenuncie... Até lá, não vou deixar o meu filho ir para o pai. Só espero que este único modo que encontrei de proteger o meu filho da má influência do pai, não seja usado, mais tarde, contra mim!
 
 Eu, já não sei o que fazer. Tenho dias em que já nem me apetece ir para casa. Apenas tenho vontade de desaparecer...
 
Luísa

 

Leitora devidamente identificada

 

A todos que por aqui passam, transcrevo um email enviado para este blog no intuito de obter a maior participação possível através das vossas opiniões e conselhos para a leitora.

As minhas palavras não serão suficientes e este assunto interessa a todos nós: pais; educadores; professores ou simples cidadão de um País que carece de uma opinião publica interveniente.

 

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