Que fazer com tanto progresso?
Em poucos anos o mundo modificou-se totalmente. Talvez os mais jovens não tenham essa noção. Para eles do computador ao telemóvel, dos múltiplos canais de televisão à câmara digital, tudo é normal, rotineiro.
O progresso surge para facilitar a vida ao ser humano, para lhe dar mais qualidade, mais opções, mais hipóteses de ultrapassar quaisquer fronteiras. E contudo, parece que o tempo diminuiu. Chamar-se-á qualidade de vida ao que a grande maioria dos portugueses tem? A publicidade encarrega-se de transformar em indispensáveis produtos que verdadeiramente são completamente supérfluos. É quase como se tivéssemos que arranjar tempo para utilizar toda a parafernália que injectam no mercado a uma velocidade impressionante. A Televisão substitui a conversa em família, e hoje em dia crianças com seis anos já têm no seu quarto jogos electrónicos, além do Magalhães, que também vem com jogos!
O isolamento dentro de casa tornou-se um dado comum e muitas vezes, a comunicação via Net é a base da vida de jovens e adultos. Nos tempos livres, o destino escolhido são os centros comerciais, e passear num jardim é coisa do passado.
Porém, todos nos queixamos de falta de tempo.
Se pensarmos que tudo o que mencionamos contribui para o endividamento das famílias, que não são capazes de recusar aos filhos cada novidade que aparece porque os outros jovens já o possuem, o resultado é uma mistura de sufoco e preocupação.
Perante a crise económica mundial, será que vamos reavaliar o que realmente é indispensável? Duvido.
Enquanto adultos, jovens e crianças se emaranham em tantas solicitações, a palavra, falada, escrita vai perdendo o seu valor.
in Destak16 | 06 | 2009