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Luísa Castel-Branco

Uma nação adormecida

Luísa Castel-Branco, 02.02.10

 


Existem verdadeiros heróis por esse Portugal fora. Silenciosamente, tentam sobreviver a uma realidade que os apanhou desprevenidos. Famílias inteiras no desemprego. Uma boa parte da classe média que ao longo da história foi a espinha dorsal da nossa sociedade desapareceu pura e simplesmente.

Dizia-me um casal de alemães, turistas de passagem por Lisboa e Cascais, o quanto estavam surpreendidos pelos automóveis que viam, de grande qualidade e preço elevado.

Por cá esse espanto é partilhado por muita gente. Mas cada dia a capacidade em nos surpreendermos desaparece um pouco mais. Tal como a capacidade de indignação, perante um país que se assemelha a um edifício a ruir, totalmente degradado.

E os políticos, os comentadores que na televisão ou na rádio falam sobre o orçamento do estado, ou o estado da justiça, ou seja o que for, parecem não perceber que o cidadão comum não os entende nem lhe interessa para nada o que dizem.

Os ditos heróis silenciosos preocupam-se sim onde irão buscar dinheiro para as prestações, para as despesas com os filhos, onde encontrar emprego.

E mesmo quem nunca gostou de fado, começa a duvidar se o nosso fado/destino enquanto nação não é apenas isto. Sem expectativas ou direito a sonhar.

Espectadores cansados do futuro TGV, do senhor ministro das finanças que por acaso se enganou, enfim, tudo é possível.

in Destak 02 | 02 | 2010